5 perguntas para Fabiana Batistela, diretora do SIM São Paulo

Fabiana Batistela crédito Marcos Hermes
Fabiana Batistela: (Foto: Marcos Hermes).
Fabiana Batistela: (Foto: Marcos Hermes).
Fabiana Batistela: “O olhar está viciado em alguns nomes e, geralmente, são masculinos”. (Foto: Marcos Hermes).

A Semana Internacional de Música de São Paulo, o SIM São Paulo, tornou-se uma das atrações mais aguardadas do calendário cultural do ano. Sua proposta tem como maior interesse debater o ecossistema do mercado musical, além de promover atividades de negócios, palestras, showcases e workshops.

Com entrada gratuita para o público em geral, o SIM anunciou as primeiras atrações deste ano: a cantora Mahmundi abre o evento no dia 7 de dezembro, às 20h. Em seguida Liniker e os Caramelows convidam Elza Soares para um encontro histórico. Eles tocam juntos faixas do disco Remonta, estreia de Liniker e o aclamado A Mulher do Fim do Mundo.

O SIM São Paulo vai de 7 a 11 de dezembro. O Centro Cultural São Paulo abriga palestras, debates, showcases, workshops e atividades de negócios em uma programação diurna. As atrações noturnas ocupam diversas casas de shows da cidade, entre elas o Cine Joia, o Centro Cultural Rio Verde, o Z Carniceria, o Jongo Reverendo, Estúdio Music Club, jazznosfundos, entre outros. O encerramento será no Mirante 9 de Julho, no dia 11. Veja a programação completa.

Batemos um papo com Fabiana Batistela, que há quatro anos dirige o SIM (ela também é responsável pela Inker Agência Cultural). Conversamos sobre protagonismo feminino, tendências da música hoje e as dificuldades do mercado musical em um ano tão complicado quanto 2016.

A SIM vem se firmando como um dos festivais mais inovadores do País. Qual é hoje o principal diferencial em relação à agenda de eventos ligados à música?
Acho que o grande diferencial é que não somos um festival, mas, sim, uma feira de música/conferência de música. Temos como público a cadeira produtiva e criativa da música, além dos fãs e consumidores de música. A SIM São Paulo é o primeiro evento neste formado no país e, de edição em edição, vamos moldando com o que deu certo, além de evoluir com o mercado.

2016 foi um ano bem complicado para o Brasil e muitos festivais tiveram que se adaptar, seja enxugando a estrutura ou mudando o formato. Como foi produzir a SIM este ano?
Produzir a edição 2016 da SIM foi tão difícil quanto nos outros anos. Cada ano tem um desafio diferente. Como o evento vem crescendo muito rápido, a gente pensou que fosse conseguir mais patrocínio do que nos anos anteriores. Na verdade, estamos fazendo um evento maior com a mesma verba de 2015 praticamente. Mas em questão de parcerias de música, a gente cresceu 100% ou mais. Algumas empresas compraram espaço de promoção e marketing dentro do evento, por exemplo. Muitas propostas chegaram, as empresas que fazem parte da indústria musical querem estar dentro da SIM.

Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Quais os principais destaques entre os showcases deste ano?
Tem tanta gente incrível nesse ano… Sem dúvida, uma das bandas é As Bahias e a Cozinha Mineira. Além de ter um conteúdo artístico incrível, é uma banda que tem uma força e desejo empreendedor. Também tem o Yangos, de Caxias do Sul, e o Projeto Rivera, de Fortaleza. São bandas de duas regiões que estão produzindo muitas coisas legais. Fomos em eventos nessas regiões e conhecemos essas bandas que agora estão na SIM com a chance de romper uma fronteira.

A SIM sempre debate questões importantes do mercado de música. Pra você quais as principais tendências deste ano que passou e que vamos ver debatidas nos encontros do festival?
Políticas públicas é um assunto que não vai esfriar tão cedo. Um novo plano de políticas públicas para a música vinha sendo discutido em âmbito nacional e municipal. Mesmo com os acontecimentos políticos de 2016, acho que o mercado não vai desistir da discussão. Tecnologia também sempre é um assunto em alta, principalmente no audiovisual. Os vídeos de realidade virtual para música vão ser uma tendência daqui pra frente, porque os óculos já estão mais acessíveis e as câmeras também. Falar de música junto de questões sociais e humanitárias também é um ponto em pauta. Dois pontos que estamos focados em discutir nesse ano: a igualdade de gênero (nessa edição, teremos 50% da programação composta por mulheres) e a queda de barreiras sociais. A SIM TRANSFORMA conecta o centro de São Paulo com a periferia com troca de conteúdo artístico e profissionalizante. Vale muito a pena checar a programação.

A Semana é produzida por uma equipe formada, em sua metade, por mulheres. Qual a importância dessa representatividade e como isso aparece no festival?
Desde a primeira edição, a SIM São Paulo teve 80% de mulheres trabalhando na produção. Nesse ano, temos a regra de que 50% da programação deve ser composta por mulheres. Isso surgiu porque percebemos que, mesmo conhecendo um monte de mulheres inspiradoras que trabalham no mercado da música, a programação do ano anterior foi majoritariamente masculina. A gente parou para prestar atenção nisso. A ideia é criar um equilíbrio mesmo… O olhar está viciado em alguns nomes e, geralmente, são masculinos.