Crítica: Magneto – Testamento

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Fotos: Divulgação

REVIRANDO O PASSADO
Quadrinho dá outra visão da origem do vilão mais famoso dos X-Men

Por Tarsio Abranches
Colaboração para a Revista O Grito!

Magneto é um personagem intrigante por ser um defensor de ideais que uma vez o perseguiram. Se antes era um judeu, vítima do nazismo; hoje prega a superioridade da raça mutante. E embora sua vida como herói e vilão nas revistas do X-Men seja bastante explorada, poucos autores remexeram em seu sombrio passado. Em tempos de discursos que negam o holocausto, Magneto: Testamento, que a Panini coloca nas livrarias e bancas mais do que um quadrinho da Marvel, é um apelo aos leitores para que não esqueçam do passado.

São 5 capítulos nos quais vemos com os olhos do jovem Max Eisenhardt, o futuro mestre do magnetismo, a evolução do nazismo, desde sua ascensão política, passando pela onda de anti-semitismo, guerras e finalmente o extermínio sistematizado dos campos de concentração. Notas históricas contextualizam os eventos, refletindo a preocupação dos artistas em se manterem fiéis aos fatos, sem emperrar a progressão da ação. Na verdade, junto com os desenhos, é impossível não ficar de queixo caído com a proporção do genocídio (6 milhões de judeus mortos + milhões de outros inocentes).

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Não espere no encadernado cenas de nazistas levando metal na bunda. Não é Bastardos Inglórios, nem Capitão América salvando todos na 2º Guerra. Superpoderes quase não tem lugar nas páginas. Max ainda é adolescente e não tem consciência da capacidade de seu genes. Fora uma parte fundamental da HQ, seu poder só é no máximo sugerido na facilidade de Max encontrar ouro no campo de concentração, ouro usado para subornar guardas e se manter vivo. A idéia é retratar Magneto, como um judeu qualquer, um dos números apresentados pelos livros de história. Alguém, como ele próprio diz, que tinha tanta capacidade de salvar um dos seus , quanto eles de o salvarem.

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Essa impotência é um ponto importante na obra. Ela apresenta o dilema que Max carregará para o futuro. Em determinados momentos, ele tem a oportunidade de lutar, matar um ou dois soldados da SS talvez. Mas aonde isso levaria? O seu tio o alerta de que matando um dos soldados do 3º Reich, ele estaria condenando 100 judeus. Porém, no final, todos seriam mortos, independentes de suas ações, nos campos de concentração. Então, o que fazer afinal? E, se um dia, mais do que ter uma faca em mãos, você pudesse controlar o metal a sua vontade e se visse diante de mais um possível holocausto, quais ações tomar? De fato, dá uma nova profundidade à psicologia do personagem e às suas escolhas como um dos principais líderes mutantes.

Esta edição faz parte de uma coleção que a Panini lança com histórias do selo Marvel Knights.

Nada que possa se chamar de clássico, mas é uma edição muito bem feita em sua simplicidade, capaz de angustiar qualquer um e de fazer o leitor, ao fim, rever os principais momentos e querer saber mais sobre esse triste período da humanidade. Magneto: Testamento fica como um dos pontos altos do mês.

NOTA: 8,0

MAGNETO: TESTAMENTO
Greg Pak e Carmine Di Giandomenico (texto e arte)
[Panini R$ 22,90]

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