Crítica: Saino A Percurá – Ôtra Vez

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Mineiro Lelis ganha nova edição de sua obra mais importante e resgate de sua produção

Editado de forma independente em 2001, Saino A Percurá, de Lelis já tinha encontrado um público apreciador de sua arte bastante particular e uma linguagem altamente experimental, fruto de pesquisa sobre o modo de falar do interior de Minas Gerais. Agora, a obra ganha uma reedição de luxo pela Zarabatana, que decidiu dar um tratamento de clássico para o livro. A principal característica de Lelis é fazer algo surrealista e bastante regional.

As histórias utilizam referências do folclore mineiro e tem como destaque utilizar a linguagem falada no lugar. São tantas expressões cuidadosamente pesquisadas que torna a leitura uma experiência rica. É como ler um cordel. As tramas recuperam uma proposta idealizada por Guimarães Rosa, de quem Lelis compartilha semelhanças. Estão enraizados localmente, mas trazem dilemas universais. E se a forma é grande preocupação de Lelis, ele também capricha nos desenhos, com imagens pintadas em aquarela.

O álbum na verdade é um resgate, já que as HQs foram publicadas anteriormentes em coletâneas e em livros nos últimos 15 anos. Entre elas, a história-título que traz personagens antropomorfizados no melhor estilo A Revolução dos Bichos, de George Orwell. O acabamento desta edição está primoroso e reúne além das três histórias anteriormente publicadas na primeira edição da obra, outras dez histórias.

Entre elas estão histórias publicadas em coletâneas independentes nacionais (Ragu e Graffiti 76% Quadrinhos), estrangeiras (The Anthology Project, vol. 2, 2011), e duas que foram vencedoras do Salão Internacional de Humor de Piracicaba (edições de 1997 e 1998). Um trabalho de resgate importante para as HQs nacionais. [PF]

CapaSainoAPercuraSAINO A PERCURÁ ÔTRA VEZ
Lelis
[Zarabatana Books, 96 páginas, R$ 56]

NOTA: 8,0

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Editor