DFB 2015: Lindebergue Fernandes e Melk Zda levam novos desafios para as passarelas

paulo dragao
Foto: Divulgação.
Look de Lindebergue Fernandes, destaque do DFB. (Divulgação).
Look de Lindebergue Fernandes, destaque do DFB. (Divulgação).

O investimento do Dragão Fashion Brasil (DFB) é um caminho que vai render ainda muitos frutos. Em sua edição 2015 estilistas estreantes e veteranos estão esbanjando criatividade e lançando novos desafios para o mercado da moda. Na segunda noite do evento, quem acompanhou os desfiles pode viajar nos sonhos de uma tribo de índios norte-americanos do novíssimo Paulo Martins, na alegre e féerica conjugação de cores e texturas propostas por Lindebergue Fernandes e no universo de flores e tranças de inspiração regional de Melk Zda. Mais do que concebedores de indumentárias, esses artistas fazem da arte da vestimenta um laboratório de experiências sensoriais e visuais.

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Paulo Martins foi o vencedor do Comunidade Moda – projeto do DFB para descoberta de novos talentos – de 2014, cujo maior prêmio é apresentar uma coleção no evento do ano seguinte. Com apenas 19 anos, Martins levou para a passarela 20 looks inspirados nos Ojibwes, tribo indígena que nos seus rituais cultuava a interpretação dos sonhos como forma de conduzir suas vidas e usava filtros de sonhos nas cabeceiras dos leitos de suas crianças. Os modelos criados pelo estilista mostraram coerência com peças de cortes ousados em cor branca, representando os bons sonhos, em preto apontando para os pesadelos e em cores de transição entre o bege e o verde.

Lindebergue levou drags para as passarelas. (Divulgação).
Lindebergue levou drags para as passarelas. (Divulgação).

A coleção de Lindebergue Fernandes foi um dos pontos altos dessa edição do DFB. Apesar do tom justificadamente triste e saudoso da abertura com a homenagem ao jovem estilista João Sobarr, falecido prematuramente no ano passado, a quem o desfile foi dedicado, Lindebergue mostrou que continua fazendo moda, ousando nas criações e sendo fiel ao seu intuito de valorizar a produção artesanal.

Desfile feérico de Lindebergue. (Divulgação).
Desfile feérico de Lindebergue. (Divulgação).

Suas peças fazem referências aos 20 anos de carreira e trouxe texturas naturais com casca de árvores e fibras de sisal e também crochê. O resultado foi um look colorido e alegre que sugere movimento e intimidade com a natureza. O desfile estampou essa descontração e ainda colocou na passarela cinco drags queens com blusões estampando expressões caras ao mundo LGBT como odara, cafuçu e aliban. A plateia foi ao delírio.

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Encerrando a noite, o pernambucano Melk Zda apresentou a coleção para a primavera 0015 inspirada em elementos da cultura regional nordestina. Esta foi a primeira vez do estilista no DFB. Melk, porém, estava tranquilo. Segundo ele o fato do evento ter um caráter autoral o deixou bem à vontade. O estilista é adepto de uma moda pensada e com tempo para ser apreciada, indo de encontro a tendência de aceleração da indústria da moda como ele próprio afirma no texto de apresentação da coleção.

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Melk: moda com tempo para ser apreciada. (Foto: Divulgação).
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Melk foi um dos destaques na sua estreia no DFB. (Foto: Divulgação).

O ponto de partida para a criação das 20 peças apresentadas foi uma imagem que o estilista viu de um cofo (um tipo de cestaria feita com folhas de palmeiras nativas) repleto de flores de maracujá sobre um lenço de renda. Essa imagem norteou os três eixos da coleção. Para dar vida aos seus desenhos, Melk Zda optou por uma modelagem próxima ao corpo utilizando a técnica de moulage. Ele usou os tecidos organza de seda, crepe georgette, linho, tules e cetim, com a cartela de cores variando entre o branco, a palha seca, o azul orvalho e rosados. O resultado visto na passarela do DFB foi um look sofisticado, leve e esbanjando delicadeza onde a harmonia dos elementos concebidos pelo artista colocam a moda autoral num lugar especial no mundo fashion.

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Lenita apostou no conceito do moda-rápida. (Foto: Divulgação).

A noite da sexta-feira do DFB 2015 teve ainda os desfiles de Lenita Negrão, Wagner Kallieno e Bikiny Society. A marca cearense de Lenita apresentou peças dentro do conceito de moda-rápida e levou para a passarela uma coleção refletindo as tendências de cortes e estampas do momento. O estilista natalense Wagner Kallieno apresentou indumentárias em cores vibrantes e tecidos que modelam o corpo e dialogam com o contemporâneo. A Bikiny Society fez também um belo desfile com a coleção intitulada Wanderlust, inspirada no desejo de viajar e explorar o mundo. As peças revelaram um estilo natural-chic, marcado pelo bom gosto e sofisticação relendo modelagens clássicas a partir de texturas artesanais.

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