Diretor de Azul É A Cor Mais Quente forçou atrizes até o limite

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Atrizes passaram a atacar o diretor na imprensa: "me senti uma prostituta", disse Léa (Foto: Divulgação/Festival de Cannes)
Atrizes passaram a atacar o diretor na imprensa: "me senti uma prostituta", disse Léa (Foto: Divulgação/Festival de Cannes)
Atrizes passaram a atacar o diretor na imprensa: “me senti uma prostituta”, disse Léa (Foto: Divulgação/Festival de Cannes)

Até onde um diretor pode ir para arrancar as melhores interpretações de suas atrizes? Para Abdellatif Kechiche, esse limite parece não existir. O tunisiano, autor de Azul É A Cor Mais Quente, foi acusado de levar suas protagonistas a um desgaste emocional durante as gravações.

O longa vem sendo elogiado pela interpretação de Léa Seydoux e Adèle Exparchopoulos, que chegaram a ganhar a Palma de Ouro em Cannes junto com o diretor, algo que nunca tinha acontecido antes na história do festival. No filme elas interpretam um casal lésbico e protagonizam cenas de sexo que se aproximam de um registro pornográfico de tão verossímel.

Depois da vitória em Cannes, Léa passou a reclamam publicamente dos métodos do diretor para conseguir boas interpretações, o que incluiu longas tomadas. Segundo ela, algumas cenas chegaram a ser filmadas mais de 20 vezes. A principal cena de sexo foi repetida diversas vezes, ao longo de vários dias, o que segunda a atriz a fez se sentir “uma prostituta”, como contou ao jornal Le Monde. O site de banco de dados IMDb conta que as atrizes usavam próteses para as filmagens de sexo oral, mas o longa reacendeu o debate sobre os limites do sexo explícito sobre cinema.

Em outra entrevista ao Daily Mail, as atrizes disseram que Kechiche as forçou a passar dez dias sem roupa para uma cena que dura poucos minutos. A maior queixa, entretanto, teria sido o pedido para que as atrizes se agredissem de verdade durante uma cena de briga. A busca de naturalidade também contou com estratégias menos traumáticas. Elas também não puderam ler o script mais de uma vez e foram impedidas de usar qualquer tipo de maquiagem.

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Já na coletiva de imprensa em Cannes, Léa chorou na frente dos jornalistas ao dizer que a experiência tinha sido desgastante. Ela elogiou bastante sua colega de cena, mas disse que o diretor “é um gênio, mas um tanto sádico”. Tanta polêmica fez bem ao filme, pois serviu para trazer publicidade na estreia nos EUA. Depois de tantas acusações de ter comido o juízo das atrizes para conseguir grandes atuações, Kechiche também se defendeu.

Ele escreveu uma carta ao site Rue89 que cogitou processar Lea por prejudicar publicamente sua imagem. Ele disse que a atriz é “mimada e arrogante” e que sempre foi acostumada a não receber ordens (ela é filha do dono da poderosa produtora Pathé). “Depois de ser celebrada por seu papel, ela começa a me arrastar para a lama com essas mentiras e exageros”. Disse ainda que as declarações são uma “forma perversa de fraude e manipulação”.

O diretor chegou a ameaçar não lançar o filme. Agora, depois de tantas controvérsias Azul É A Cor Mais Quente começa a ser lançado fora da França – onde foi sucesso de bilheteria. E depois da Palma de Ouro pode conseguir mais um feito impressionante: o Oscar. Segundo o Hollywood Reporter, a campanha é grande para que o longa ganhe indicações em diversas categorias, entre elas melhor diretor, atriz e até filme.