As entranhas do Nordeste na fotografia de Dominique Berthé

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A artista francesa Dominique Berthé lança seu segundo livro Paisagem. A obra compila fotografias feitas por ela desde o início dos anos 2000, quando se mudou definitivamente para o Brasil. É um olhar curioso sobre as vísceras, entranhas, traços e linhas da região. Chega a ser hipnótico o modo como ela registra algumas texturas e composições naturais.

São 84 páginas que reúnem 96 fotos, realizadas desde os seus primeiros carnavais olindenses, em 1997, até um material exclusivo feito na Chapada Diamantina, em 2015, especialmente para o projeto. Petrolina, Recife, Olinda, Ipojuca, Ceridó, Triunfo são algumas das localidades pelas quais a fotógrafa passou. Há apenas uma imagem dos Alpes franceses que aparece ali um pouco para pontuar as origens da autora, mas sem deixar de dialogar com o restante do material.

Apesar do título, a artista explica que o sentido da palavra “paisagem” não é literal, não estão ali imagens clássicas de paisagens, mas uma provocação, um convite a interpretações. “O sentido é abstrato. A paisagem é aquilo que cada um vê nessas imagens que têm dimensões variadas, grandes ou minúsculas”, explica Dominique.

Enquanto no livro Abecedário Nordestino – Caminho das águas (lançado em 2014) a artista se apropriou do poema O Cão Sem Plumas, de João Cabral de Melo Neto, para norteá-la, agora ela convidou Maria Alice Amorim para escrever um poema especialmente para a obra. Inclusive, a poeta chegou a acompanha-la na realização de algumas das imagens mais recentes. O poema “Pays Sage” recorta toda obra, tecendo um fio condutor para aquelas fotografias.

O lançamento acontece dia 5 de março a partir das 16h no Museu da Cidade do Recife e contará com a presença da crítica de arte e professora Maria do Carmo Nino, da escritora, poeta e pesquisadora Maria Alice Amorim e da curadora Joana D´Arc Souza Lima, todas envolvidas no projeto. Elas vão comentar o livro e a fotógrafa fará a projeção de algumas imagens.

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