Bárbara Eugênia está mais experimental e dançante no novo disco, Tuda

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Bárbara Eugênia sempre pautou o romantismo em seus registros.

Desde a paixão juvenil em “Por Aí”, do Jounal de Bad (2010); dos momentos conflituosos de “Roupa Suja”; É o Que Temos (2013); ou da tentativa de dar uma nova chance a uma relação gasta em “Recomeçar”, do Frou Frou (2015); Bárbara destacou as diversas nuances de tal sentimento em seus versos, sem medo de se expor ou soar excessivamente dramática. A cantora entrega-se ao lirismo romântico em suas obras, realçados sonoramente pelas inspirações encontradas na música brega e na jovem guarda. Porém, com Tuda (2019), quarto álbum de inéditas da carioca, Bárbara resolve desbravar por novas experimentações.

São sintetizadores oitentistas, baterias robóticas, percussões afro, boas doses de música latina e alguns tons de psicodelia. Elementos que trazem um frescor para o mesmo alicerce poético que sustenta as composições da cantora desde sua estreia.

Abrindo espaço para os caminhos que serão percorridos nesse registro, “Saudação”, parceria com o Bloco Pagu, abre o disco cortejando os seres elementais presentes na natureza, uma clara alusão às crenças das religiões de matriz afro-brasileira. Em seguida, “Perdi”, faixa que melhor resume a nova fase de Bárbara, resgata o pop da década de 80 com um synth robusto, pequenas inserções eletrônicas e riffs típicos da disco music da década de 70.

Diferente dos trabalhos anteriores, Tuda apresenta arranjos mais ensolarados e vívidos, casos de faixas como “Perfeitamente Imperfeita”, “As Maças Que Vêm” e “Querência”, em que divide os vocais com Iara Rennó. Ainda que fale sobre paixões arrebatadoras, amores de outrora e relacionamentos mal resolvidos, Bárbara prefere entoar os versos que sintetizam essas experiências nas pistas de dança. É o caso de “Bagunça”, parceria com o maranhense Zeca Baleiro. A faixa é um pop dançante recheado do que há de melhor do gênero nos últimos anos, um misto de arranjos eletrônicos com a vibe envolvente da música latina.

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Bárbara explora mais sonoridades no novo disco. Foto: Marcos Villas Bôas.

Mais inclinada à música pop do que nunca, Bárbara Eugênia deu vida a um álbum que se destaca sonoramente dentro de sua discografia. Os 41 minutos de audição são absorvidos de forma rápida e as canções grudam com facilidade nos ouvidos.

Ainda fiel ao seu lado romântico, Bárbara parece não querer mais se lamentar e, sim, aproveitar o momento enquanto os sintetizadores surgem como um jogo de luzes convidando-a para dançar, assim como ao ouvinte também.

BÁRBARA EUGÊNIA
Tuda
[Independente, 2019]
Produtores: Bárbara Eugênia, Clayton Martin e Dustan Gallas

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