Cine PE: Mostra de curtas chega ao final sem surpreender

uranio
Cena de Urânio-Picuí (Divulgação)
Uma galinha revolts (Divulgação)
Uma galinha revolts (Divulgação)

URÂNIO, CASAL DESORIENTADO E GALINHAS
Mostra de curtas do CinePE chega ao final sem grandes surpresas na última noite

Por Alexandre Figueirôa
Editor da Revista O Grito!, no Recife

Uma galinha rebelde, um casal discutindo algo incompreensível no meio do nada e a exploração de minérios no sertão nordestino foram os temas em destaque na última leva de curtas metragens da mostra oficial do CinePE 2013. Os três filmes não surpreenderam. Se tivéssemos que destacar um deles, o documentário Urânio Picuí chama mais atenção pela curiosidade de conhecermos um pouco sobre a extração de urânio, minério usado na obtenção de energia nuclear.

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O curta de Antônio Carrilho e Tiago Melo vai ao sertão do Seridó, mais precisamente na cidade de Picuí, na Paraíba, local onde, durante a 2ª Guerra Mundial soldados americanos exploraram e extraíram minérios em grande escala, entre os quais urânio. A partir da memória dos moradores e dos garimpeiros que ainda atuam na região aos poucos vamos revisitando o período em que os habitantes de Picuí acreditavam ter sido o minério radioativo extraído por lá o que foi usado na produção da bomba atômica de Hiroshima. O filme, porém, deixa algumas lacunas de informação que ajudariam a entender melhor o contexto dos fatos apresentados, algo que certamente daria mais relevância ao episódio. No final resta mais os aspectos pitorescos que não ajudam a esclarecer o que realmente aconteceu.

Cena de Urânio-Picuí (Divulgação)
Cena de Urânio-Picuí (Divulgação)

Com uma forte pegada documental, o curta de ficção A Galinha que Burlou o Sistema, de Quico Meireles denuncia os maus tratos e o triste e terrível destino das galinhas criadas numa granja industrial. Quico, sem perder de vista o caráter de denúncia de seu filme, faz uma brincadeira com o tema mostrando uma galinha que se dá conta do que lhe espera e, ao tomar consciência do absurdo de sua existência, foge do lugar. Com exceção da narração simulando o pensamento da ave rebelde, as imagens do curta repete o que já vimos em diversos documentários que tratam das condições cruéis dessas usinas de produção de alimentos, cujo objetivo é a obtenção de lucros a qualquer custo.

Enquanto a galinha de Quico sabe muito bem para onde deve ir, o casal do curta Colinas como Elefantes Brancos, de Melissa Gava, passa quinze minutos numa estação de trem num lugar ermo, provavelmente na Espanha, conversando em italiano sobre algo que só eles sabem o que é e mesmo assim não decidem para onde vão. O público, além de não saber para onde o casal finalmente iria quando o trem chegasse, também ficou sem saber o que o filme estava fazendo na mostra de curtas do CinePE.