+ Cinema: CRAZY, Só Deus Sabe, Noites de Circo

so deus sabe

crazyC.R.A.Z.Y. – LOUCO DE AMOR
Jean-Marc Vallée
[CRAZY, Canadá, 2005]

No enredo desse filme delicado está o quarto filho de uma família composta por cinco meninos. Zachary, é o nome dele, oscila entre a descoberta de sua homosexualidade e as expectativas do pai, que teima em ver nele marcas de masculinidade. Da infância à idade adulta, o espectador acompanha as aventuras e os dilemas de Zac que cresce à sombra de uma realidade cada vez mais cambiante. Longo demais, o filme acaba por cansar, mas o trunfo está na direção competente e nas cenas para lá de divertidas como as que a família do protagonista está sentada à mesa. O maior mérito, contudo, está no roteiro que escolhe por tipificar personagens secundários a fim de evitar a espereotipação dos protagonistas – Zac e os pais. [FA]

NOTA: 9,0

so deus sabeSÓ DEUS SABE
Carlos Bolado
[Sólo Dios Sabe, México, 2006]

Dolores é uma brasileira que mora há um bom tempo nos Estados Unidos e quando numa festa tresloucada em San Diego, na fronteira, acaba por perder o passaporte se vendo obrigada a seguir para a Cidade do México para regularizar sua situação e assim poder retornar a sua vida cotidiana. No meio do caminho ela pega carona com Damián, um típico mexicano com sabor e suor latino, e aí começa o envolvimento. Só Deus Sabe poderia ser só mais um road movie se não tivesse a pitada documental ao mostrar manifestações religiosas do México e do Brasil e mesmo as locações que se tornam coadjuvantes na construção da história. É curioso, por exemplo, ver o diretor usar água e outros elementos da natureza para criar pontos de ligação e intersecção de uma história cujo trajeto está em função do que amor que um sente pelo outro. [FA]

NOTA: 7,0

noites de circoNOITES DE CIRCO
Ingmar Bergman
[Alemanha, 1953]

Depois de fazer melodramas convencionais nos anos 40, o cineasta sueco surpreendeu o mundo todo com sua abordagem existencialista da vida de um circo qualquer. Incompreendido durante seu lançamento, o filme depois foi reconhecido como obra-prima de Bergman. O longa se concentra na difícil relação entre Albert, diretor do circo, e Anna, sua amante e a situação beira o caos quando ela se deixa seduzir por um ator bem especial. O filme ostenta as principais marcas da obra posterior de Bergman: o olhar pessimista, a idéia de um Deus que abandona os homens, a falência das relações afetivas e a decadência completa do sentimento de amor. E foi ao ambientar esse drama triste e claustrofóbico em um contexto geralmente associado à alegria e liberdade, foi que o cineasta mostrou so mundo a que veio. [FA]

NOTA: 10,0