Cobertura: Cat Power | Espaço Catamarã, Recife

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Foto: Gabriel Ferreira / Divulgação
Foto: Gabriel Ferreira / Divulgação

Passagem de Cat Power pelo Recife pede uma segunda dose
Cantora tocou hits e sucessos recentes, mas teve show prejudicado por uma inflamação no ouvido e chuva

Por Rafaella Soares
Da Revista O Grito!, no Recife

A chuva pareceu dar uma trégua neste domingo (19), o que pode ter contribuído para levar, segundo número divulgado pela produção, cerca de 1,5 mil fãs ao aguardado evento “Shuffle + Project apresenta: Cat Power”. Foi a estreia local da cantora, que vez ou outra aparecia em boatos de escalações de festivais – ao exemplo do No Ar Coquetel Molotov. Ela desembarcou aqui depois de uma apresentação no Rio de Janeiro no sábado (18) e segue agora para São Paulo, onde toca na terça no Cine Jóia. O show no Espaço Catamarã, Centro do Recife, foi marcado por uma presença de palco um tanto irregular.

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A cantora, que ficou conhecida no Brasil por volta de 1998, quando o selo Matador Records passou a distribuir seus discos, sempre frequentou listas indies femininas como uma das mais cultuadas vozes femininas dos anos 2000. Chan Marshall, a mulher por trás do apelido poderoso, veio acompanhada da banda “The Dirty Delta Blues”. Antes da apresentação, a banda Mellotrons ressurgiu das profundezas onde jazem Profiterólis, Rádio de Outono, Carfax, entre outros contemporâneos, para abrir a noite. Depois foi a vez de Allana Marques, André Braga e Vinicius Lezo se revezarem nas carrapetas – com direito a música de Frank Ocean (“Bad Religion”). Foi o tempo dos mais velhos e teenagers fanzocos se aproximarem da grade.

Com São Pedro a favor no início da noite, a apresentação da cantora começou pouco antes das 22h. Os excessos de vida da autora de “Lived in Bars” parecem ter afetado além de sua aparência, a sua voz (ela encarna a filha imaginária de Marianne Faithfull e Iggy Pop). Não pude deixar de lembrar uma comunidade do Orkut: “Eu bebo Cat Power…até cair“.

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O começo arrastado com “Sea of Love” e “The Greatest”, dois petardos de seu repertório (a primeira, muito conhecida da trilha sonora do filme Juno) mereciam uma execução mais digna: pareceram um pedido de ajuda psiquiátrica. A assessoria informou que uma infecção no ouvido a impediu de colocar o ponto, o que prejudicou a performance em alguns momentos.

Em “Cherokee” (do disco recém-lançado em 2012, Sun), o negócio parecia engrenar, e veio a chuva com “Silent Machine”. Os mais bravos permaneceram colados ao palco, mas a maioria dispersou para os toldos a fim de se proteger. Veio a sequência de “Manhattan”, “Human Beig” e “King Rides By”. Depois, “Angelitos Negros” e “Always on My Mind” anteciparam o momento palminhas de “3,6,9”. Em seguida, “Nothing But Time”, “I Don’t Blame You” e uma versão Clonazepan de “Metal Heart”. Teve ainda surpresinha com “Shivers” (cover da banda The Boys Next Door), para então encerrar com “Peace and Love” e “Ruin”.

É perigoso ver qualquer grande artista, celebrado ou não pela crítica, em estado puro, ao vivo, e sob influência do clima dos trópicos e outras posologias.

Veja o setlist:

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