Como o Tidal de Jay Z pretende mudar o modelo atual do streaming de música

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Foto: Divulgação.
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O novo Tidal só vai dar certo se for tão bom para os ouvintes como está sendo para os mú$icos

O rapper Jay Z anunciou nessa segunda (30) o seu serviço de streaming de música, o Tidal. Até então desconhecido por aqui, o aplicativo sueco fazia parte do Aspiro e era um caso de sucesso nesse concorrido mercado. Tinha cerca de meio milhão de assinantes, suecos em sua maioria.

Mas foi só depois da compra pelo maior empresário do showbiz hoje que o Tidal passou de mais um nome no mercado de streaming para um potencial salvador da indústria. E tudo isso graças a um bode que grande parte da comunidade de músicos nutre por serviços como Spotify, Rdio e iTunes. Esses sites são acusados de remunarem os artistas abaixo das expectativas, o que tem tornado o negócio interessante apenas para uma das partes. Nomes como Radiohead, Taylor Swift e Björk têm se posicionado contra esse modelo de negócios e esnobaram o streaming em seus últimos lançamentos.

Amigos unidos

Não à toa, o Tidal nasce com um elenco estelar de músicos como apoiadores. No domingo, Jay Z realizou uma enorme campanha de marketing com a participação de diversos colegas como Rihanna, Kanye West e sua mulher, Beyoncé. Eles trocaram o avatar no Twitter e Facebook por um fundo totalmente azul – e pediram para os fãs fazerem o mesmo.

Nesta segunda, o vídeo de lançamento do Tidal reuniu um dos maiores elencos do showbiz. Praticamente todos os grandes nomes fizeram parte da empreitada: Kanye, Nicki Minaj, Jack White, Madonna, Alicia Keys, Daft Punk, Rihanna, Pharrell, entre diversos outros estiveram presentes. É algo histórico. Não apenas pela reunião em si, mas pelo corporativismo desses músicos enquanto profissionais do ramo, que decidiram tomar para si mesmos o protagonismo da mudança de paradigma no modo de consumir música.

O crescimento dos serviços de streaming têm mostrado que as mídias físicas darão lugar aos lançamentos digitais mais cedo do que imaginávamos. Nomes como o Spotify, com seis milhões de usuários pagantes em todo o mundo, estão ditando o rumo desse negócio. O problema é que no entrevero entre consumidor, plataforma e distribuidora, sobra bem pouco para o artista. E o pior é que a maior parte dos ouvintes possui uma conta gratuita.

A chegada do Tidal impõe um concorrente de respeito e que pode dialogar diretamente com o ouvinte. Afinal, é um serviço criado por músicos contra corporações tidas como “exploradoras”. Mas há diversas nuances nesse pensamento. Uma delas é o desafio de Jay Z e seus executivos em convencer o público a pagar por música. Há duas versões no Tidal, ambas pagas, de 9,99 dólares e 19,99.

Alta fidelidade, esse graal

Como maior diferencial o site promete música em alta fidelidade. A taxa de qualidade será de 1411 Kbps Lossless, um tipo de compressão sem perda de dados. Como comparação a taxa alcançada pelo Spotify é de 320 Kbps do tipo Vorbis.

A compressão é uma velha reclamação dos músicos e produtores. Com ela os serviços de streaming e de downloads como o iTunes conseguem oferecer um produto estável e leve, ideal para downloads. No entanto, nesta “compactação” do áudio original diversas nuances criadas em estúdios acabam se perdendo. Isso leva o ouvinte a um tipo de experiência uníssono independentemente do que esteja ouvindo, seja o reggae remasterizado de um disco do Bob Marley ao Kid A do Radiohead.

O streaming – seja em sites pagos ou gratuitos – têm possibilitado a descoberta de novos sons e mais espaço para artistas independentes no mercado digital. Mas é preciso que seu ecossistema seja sustentável e convidativos aos criadores. Resta saber se o Tidal será tão interessante para os ouvintes como tem sido para os músicos. Aí sim será histórico.

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