Criolo | Nó Na Orelha

Criolo SerjaoCarvalho1

VETERANO DA QUEBRADA
Rapper Criolo lança disco de Hip Hop com elementos de reggae, soul, samba e até brega. Mas sua originalidade é maior nas rimas

Por Paulo Floro
Da Revista O Grito!

276847954 275x270Como um rapper que aposta fichas em diversos gêneros musicais e caminha numa facção da música pop ainda tímida na preferência nacional, Criolo pode ter criado uma música com jeito de hino de sua década. Assim é “Não Existe Amor em SP”, presente no álbum Nó Na Orelha, lançado de forma independente pelo músico.
Álbum: Criolo Nó Na Orelha

O rapper traz um apurado talento para o texto e fala de diversos temas, sempre com referências da cultura pop e um tanto de autobiografia. Em “Lion Man” discorre sobre a labuta de cantor independente, e entre críticas ao sistema atual, vai levando o ouvinte numa releitura do Hip Hop básico: rima cadente, batida uníssona e viciante. Quando se arrisca a ousar dentro do estilo Criolo também se dá bem.

A faixa que abre o disco, “Bogotá”, um afrobeat com instrumentos de sopro e batucadas, dá início a uma série de interações com outros gêneros, que ganha força na soul “Sambei Sambei” e no samba “Linha de Frente”, que tem letra inspirada e usa Turma da Mônica para falar de política. Dessa junção de boas letras, recuperando uma tradição letrista na MPB com a bem-executada mistura de estilos no Hip Hop, Criolo consegue parir um dos mais interessantes discos de 2011.

Produzido por Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral, o disco traz faixas trabalhadas por Criolo em outras ocasiões, como “Subirusdoitiozin” e a já citada “Não Existe Amor em SP”. O sucesso e a boa recepção do disco leva a pensar que se trata de um neófito na “quebrada”. Kléber Gomes, 35, o alter-ego de Criolo trabalha no Hip Hop há mais de 20 anos.

Este seu Nó na Garganta consegue passear pelo reggae, soul e até brega, mas seu maior mérito é nas rimas, que mostra o domínio do músico em criar um disco com apelo popular como o rap nacional não ouvia em anos.

CRIOLO
Nó Na Orelha
[Independente, 2011]

NOTA: 8,5
[Recomendado]

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