Crítica: Ajuste de Contas, de Peter Segal

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Foto: Divulgação/Warner Bros.
Foto: Divulgação/Warner Bros.
Foto: Divulgação/Warner Bros.

Ajuste de Contas usa nostalgia como muleta para roteiro sem muito o que dizer
Stallone e De Niro se enfrentam no ringue em longa que tenta usar a saudade dos clássicos Touro Indomável e Rocky como mote

Por Paulo Floro

O novo filme de Sylvester Stallone e Robert De Niro segue a mesma lógica que instiga a nostalgia das turnês de retorno de bandas: ninguém parece se importar se o artista conseguiu se renovar ou se trouxe algo relevante dentro de sua área. O que vale mesmo é matar saudade. É dentro desse contexto que Ajuste de Contas, de Peter Segal, se estabelece. O filme mostra a história de dois ex-lutadores de boxe rivais que após 30 anos empatados decidem se enfrentar no ringue mais uma vez.

O diretor tenta fazer referência a dois clássicos do cinema que tem o boxe como o mote: Touro Indomável (1980), que deu o Oscar a De Niro, dirigido por Martin Scorsese e Rocky – Um Lutador (1976), drama aclamado que deu fama a Stallone. Toda a empatia por esse Ajuste de Contas deriva da nostalgia por esses dois filmes. A favor dessa nova produção temos dois atores ainda bastante carismáticos, que conseguiram imprimir novas personalidade aos protagonistas em vez de tentar emular os saudosos Rocky e Jake LaMotta.

De Niro tentou sair do lugar-comum que grande parte dos atores acabam encontrando em algum momento da carreira. Com exceção de O Lado Bom Da Vida, pelo qual ganhou mais uma indicação ao Oscar, ele vem sendo bastante chamado para interpretar papéis que o colocam no automático, como mafioso fanfarrão de A Família ou personagens com personalidade difícil. Já Stallone tem uma situação mais complicada, já que seus últimos trabalhos utilizam a referência-chave de seu mito de cafuçu.

Na trama, os lutadores Razor ‘Razor’ Sharp (Stallone) e Billy ‘The Kid’ McDonnen (DeNiro) se encontram depois de 30 anos para participaram de um videogame, onde irão interpretar a si mesmos nos tempos de glória. Eles não conseguem colocar a rivalidade de lado e acabam destruindo todo o estúdio onde acontecia a produção. Como a briga se torna um viral na web, eles se tornam mais um vez conhecidos, o que os leva a uma luta pelo desempate, com transmissão nacional. Além do bom desempenho dos atores, tudo ao redor tenta fazer referência de alguma forma aos longas clássicos de cada um.

Para isso foi elencado um treinador mais velho para Stallone, a exemplo de Rocky, aqui interpretado por Alan Arking. Até mesmo as duas cenas clássicas ao longa de 1976 aparece aqui: o uso de carnes do frigorífico para treinar e o ato de beber ovos crus. Já De Niro aparece tentando lidar com problemas de peso e personalidade difícil, tal qual Jake LaMotta de Touro Indomável. No meio disso ainda temos Kim Basinger, como a mulher disputada pelos dois jogadores, que aqui aparece insípida.

O roteiro fraco de Tim Kelleher e Rodney Rothman não consegue explorar bem o tema das superações na velhice. As cenas do exame de próstata de Stallone e a flacidez das mamas de De Niro são apenas constrangedoras. Com isso temos um filme que justifica sua existência apenas por um exercício de nostalgia. É muito pouco.

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De Peter Segal
[Grudge Match, EUA, 2013 / Warner Bros.]
Com Sylvester Stallone, Robert De Niro, Kim Basinger]

Nota: 5,0

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