Crítica: Corporação Batman

FRANQUIA CONTRA O CRIME
Corporação Batman diverte com proposta ousada do Homem-Morcego

Por Paulo Floro

Grant Morrison é uma marca que agrega um sopro de novidade a qualquer série ou franquia, por mais desgastada e estagnada que esteja. Ele deu seu toque de criatividade para o título de Batman e deu o aviso aos leitores que muito ainda poderia ser feito com o homem-morcego. Mas, depois de tantas boas ideias, entre elas a elogiada nova série Batman e Robin, o escritor escocês decidiu radicalizar mais e experimentar uma proposta mais descontraída com o personagem. Mas, peraí. Descontraída + Batman. Isso tem como dar certo? Tem, e deu.

Corporação Batman traz o vigilante mais canastrão, mais másculo, tirando onda com seus vilões e lidando com situações bem diferentes ao que estava acostumado em Gotham City. A HQ mostra Bruce Wayne em várias partes do mundo criando uma operação global de super-heróis sobre seu comando. Nas cinco primeiras histórias publicadas, o herói vai ao Japão e à Espanha para recrutar dois vigilantes locais.

Além desses novatos aos leitores, Corporação Batman é divertido por trazer outros personagens do universo Gotham, como Mulher-Gato e Batwoman (incluindo fazendo referência à encarnação antiga da personagem Kathy Kane, antigo amor de Bruce Wayne e morta pela Liga dos Assassinos). Morrison prende atenção do leitor com sua narrativa ágil e uso comedido dos diálogos, ao mesmo tempo que presenteia fãs entendidos com referências ao passado da DC, ao mangá japonês, à detalhes esquecidos da mitologia do morcego.

Longe de discutir políticas internacionais, Corporação Batman é rasteiro ao contextualizar as razões dessa operação global. Também não explica as reais intenções do personagem em sair de sua cidade e aumentar sua influência mundo afora. Na revista mensal, Wayne anunciou que iria financiar Batman, sem com isso revelar sua identidade secreta.

A série foi muito elogiada nos EUA Morrison deixou explícito que quis trabalhar longe do peso das histórias soturnas de Batman, mas também fugiu do camp, do estilo bonachão.

É ousado justamente por mostrar um Batman diferente dos que os leitores atuais esperavam. Está distante do melhor que Morrison já fez com o Homem-Morcego, mas superior à monotonia que impera no pré-reboot da DC Comics.

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Grant Morrison (texto) Yanick Paquette, Chris Burnham, Chris Burnham, Michel Lacombe (arte)
[Panini Comics, 128 págs, R$ 15,90, Tradução de Paulo França e Bernardo Santana]

Nota: 7.3

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