Crítica – Disco: Disclosure | Caracal

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Depois de tirar a música eletrônica da mesmice ao apresentar faixas igualmente viciantes e sofisticadas em Settle, o disco de estreia, o duo inglês Disclosure decide apostar no certo neste segundo trabalho, Caracal. O álbum é um apanhado de faixas com apelo às pistas e com um profundo sentimento de preguiça. Quase não há riscos ou experimentações e tudo parece ter sido feito com o intuito de alcançar ouvintes que esperavam um repeteco do elogiado primeiro disco.

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Caracal é isso, um deja-vu, mas muito menos inspirado. Para disfarçar a baixa inspiração os irmãos Howard e Guy Lawrence lotaram o disco com participações. Apenas duas faixas, “Jaded” e “Echoes” não possuem nenhum convidado. De Kwabs à amiga Lorde, passando por The Weeknd, Miguel e a estrela do momento, Sam Smith, o álbum se apresenta como uma superprodução.

É o início do Disclosure como um conglomerado pop de músicas dançantes fáceis, destinados a reproduzir em escala industrial o combo batidas house + pop retrô + vocal famoso. Chega ao fim a euforia adolescente, com sua energia bruta, para um trabalho hiper-calculado, com arestas milimetricamente aparadas e risco zero de tentar algo novo. Depois de um single pesado e bem interessante, “Bang That”, as demais faixas da nova fase da dupla já davam indicativos de que a proposta artística deles estava se diluindo e entrando em um modo de produção, com batidas repetitivas.

Foi o caso de “Hourglass”, “Holding On” e “Omen”, lançadas antes. “Magnets”, com Lorde, é sedutora e atmosférica, e apesar de apelar para esquemas já utilizados no disco anterior, consegue utilizar bem a personalidade da convidada. Já outros convidados, como Kwabs, parecem meio perdidos em meio à produção. Afundados na própria fama e vítimas da pressão em repetir o sucesso da estreia, a dupla se afasta dos inovadores do pop e da música eletrônica para se manter, seguros e confortavelmente, no topo.

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