Crítica – Disco: Interpol | El Pintor

Foto: Divulgação.
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Interpol reforça estilo próprio no melhor disco do grupo em uma década

Por Paulo Floro

Até onde uma mesma fórmula pode alcançar a mesma eficiência antes de atingir o estágio da pura repetição? A banda nova-iorquina Interpol parece viver esse dilema neste novo El Pintor, um disco impecável dentro da estética do grupo, mas sem ideias relevantes que superasse qualquer expectativa.

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Minimalista e soturno, este é o disco que mais se aproxima das origens da banda. Quando surgiram em 2002 com o clássico Turn On The Bright Lights, eles fincaram o pé em um estilo marcado por muitas guitarras agudas, um tom sorumbático para os arranjos e um predileção pelo drama que pegava inspiração do gótico e também do pós-punk inglês dos anos 1980-90.

Ao longo dos anos, o Interpol experimentou outras sonoridades, chegando a flertar com o pop, caso de Our Love To Admire, de 2007. Desde o homônimo Interpol (2010) que a banda tenta retomar sua personalidade dark com faixas que não tentam fazer média com o estado de espírito do ouvinte. Como no primeiro trabalho, muitas das faixas deste novo disco seguem a montanha-russa de andamentos, passando das guitarras aceleradas para as pausas bruscas com o tom de lamento em uma única faixa.

Produzido por James Brown e mixado por Alan Mouder (responsável por trabalhos de My Bloody Valentine e Smashing Pumpkins), o álbum segue a trilha construída pelo grupo, descontando os acidentes de percurso. O tempo todo eles parecem se autorreferenciar, como se precisassem firmar um compromisso com sua audiência na busca pelos tempos áureos da estreia. Até o nome do disco, El Pintor, é nada mais do que um anagrama do nome do grupo.

É uma estratégia interessante e que mostra um compromisso com o legado construído. “My Desire” e “All the Rage Back Home” não devem em nada aos melhores momentos do início dos anos 2000. Já “My Blue Supreme” soa como uma tentativa de refazer as baladas elegantes e tristes como vimos em “Say Hello To The Angels”, da estreia. O disco não tem um impacto emocional imediato, mas tem potencial de criar laços com o ouvinte. O mais importante foi alcançado: é o melhor disco do Interpol em uma década, o que não é pouco.

interpol_INTERPOL
El Pintor
[Matador, 2014]

Nota: 7,0

https://www.youtube.com/watch?v=m05f7Fsgv_s

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