Crítica – Disco: Silvia Machete | Souvenir

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Foto: Artur Nobre/Divulgação.
Foto: Artur Nobre/Divulgação.
Foto: Artur Nobre/Divulgação.

Cantora renova olhar extravagante do pop em novo disco

A cantora e compositora carioca Silvia Machete tem um trunfo entre as novas vozes femininas do pop: sua personalidade é muito bem desenhada. Extravagante, burlesca, meio maluquinha, ela é bem verdadeira na sua proposta artística. Em seu quinto disco, ela reforça esse estilo com um trabalho que vai buscar na França, em Portugal e no Brasil dos ano 1980 inspirações para essa sua ode à irreverência.

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O trabalho contou com a participação de Pupilo, da Nação Zumbi como baterista, Bruno Di Lullo no baixo e Pedro Sá na guitarra, o que deu um tom sofisticado e contemporâneo ao trabalho. No esquema de loucurinhas que rege o álbum, destaque para a faixa em francês “Ringard”, em um dos momentos mais interessantes do disco, com uma interpretação empostada, tirando onda.

Outro ponto alto é a entrada de Angela Ro Ro em “Tango de Bronquite”, faixa de Angela dos anos 1980, aqui em um tom carnavalesco. A interpretação do clássico “Tatuagem”, de Chico Buarque (“quero ficar no seu corpo, como tatuagem”), ganhou um arranjo ousado, que se distancia das interpretações dessa faixa até agora.

Com pouco mais de meia hora, o novo disco de Machete segue a trilha que a cantora traçou desde sua estreia, mas fica aquém de uma possível renovação ou novidade do que ela já fez. Depois de revitalizar clichês da latinidade em Extravaganza (2011) e Bomb Of Love (2013), faltou mais ousadia nessa viagem ao mundo de Machete. Ainda assim, é um trabalho com uma marcação autoral muito marcante. E isso não é pouco.

silviamachetesouvenircapaSILVIA MACHETE
Souvenir
[Coqueiro Verde Records, 2014]

Nota: 6,9