Crítica – Disco: Vários Artistas | PC Music Vol. 1

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Hannah Diamond, uma das artistas do PC Music. (Divulgação).
Hannah Diamond, uma das artistas do PC Music. (Divulgação).
Hannah Diamond, uma das artistas do PC Music. (Divulgação).

PC Music discute artificialidade do pop em tempos de hiper-conectividade

O selo londrino PC Music, liderado pelo produtor A.G. Cook surgiu como uma proposta cínica sobre os limites da música eletrônicas e das batidas pop. Seus EPs e singles lançados até aqui têm dividido os críticos. Enquanto uns enxergam uma apropriação interessante da estética dance alinhado à cibercultura, outros veem como um embuste enfiado goela abaixo em meio ao excesso de informação que consumimos todo dia.

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Nesta primeira coletânea do selo podemos perceber as intenções do grupo de uma maneira menos atabalhoada. O principal é o comentário sobre o estado atua do pop, cada vez mais atrelado às possibilidades técnicas de produção. O que o PC Music mostra é que essas ferramentas estão ao alcance de todos nos dias atuais. O que fizeram foi dar relevância a esses produtos, embalados como algo fútil, bobo, descartável, mas a seu modo, maravilhoso.

Encabeçado por A. G. Cook, o PC Music possui hoje cerca de duas dezenas de artistas produzindo uma desconstrução do pop à luz do caótico universo online. As faixas são permeadas com uma esquisitida e bizarra anti-melodia que soa como um robô lendo partituras de HTML. É o caso de “Don’t Wanna/Let’s Do It”, do GFOTY, com suas camadas e repetições. Há ainda retalhos saídos da eurodance dos anos 90, r&b obscuro, pop chiclete, k-pop, mixes rejeitados em estúdio, além de batidas saídas de software de música saídos dos primórdios da web.

Quase como um gênero em si, o PC Music tem uma proposta poderosa que discute uma despersonalização na expressão mais humana e complexa que é a música. Em alguns momentos, como “Every Night”, de Hannah Diamond, podemos nos entregar ao escapismo e curtir como uma despretensiosa festa batidão. Mas ouvir o disco repetidamente nos lembra que dados podem criar uma musicalidade – e isso no fundo soa um tanto perturbador.

A artificialidade do PC Music é tanto impressionante quanto chocante e diz muitos sobre os rumos da música pop nos dias atuais. [Paulo Floro]

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PC MUSIC
[PC Music, 2015]

7,5