Crítica: Empress Of e a força da sensibilidade latina no ótimo “Us”

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8.5

A inovação no pop hoje, aparentemente, passa pelos latinos. Unindo experimentalismo e uma atenção especial à estética visual, nomes como Kali Uchis, Alex Anwandter e agora a Empress Of têm trazido trabalhos bem interessantes. A cantora e produtora estadunidense Lorely Rodriguez chamou atenção em 2015 com o disco Me, um trabalho conceitual e minimalista onde falava de solidão e empoderamento. Agora, em Us, ela reafirma sua voz com letras sobre senso de comunidade e adiciona mais elementos ao seu pop mínimo.

Teclados cheios de ritmo e arranjos que fogem do óbvio fazem do disco uma audição cheia de surpresas, do início ao fim. Outro ponto a favor de Rodriguez é o uso de espanhol misturado ao inglês em muitas músicas, como em “Truste Me Baby”, onde canta “confía en mi” no refrão e no hit “When I’m With Me”, uma de suas faixas mais animadas. O disco percorre terrenos sombrios em “I’ve Got Love”, escrita para um amigo que tentou o suicídio e “I Don’t Even Smoke Weed”, sobre ansiedade e depressão.

Natural de Los Angeles, ela é filha de hondurenhos e sempre usou a música como forma de lidar com questões que perpassam todos os latinos na América, a exemplo da solidão, medo, identidade e corpo. “Sempre usei minha música como uma defesa, uma voz. Era uma maneira de me posicionar, seja quando alguém me cantava na rua, seja quando me diziam que eu era inadequada por causa do meu gênero”, disse em entrevista ao site Pitchfork.

Entre as participações especiais estão Dev Hynes, que compartilha das mesmas propostas artísticas no que diz respeito a temas como pertencimento, DJDS e Pional. Us é um disco cheio de sensibilidade e soa por vezes como uma mão estendida a toda uma comunidade de latinos espalhados pelo mundo, de qualquer nacionalidade.

EMPRESS OF
Us
[Terrible Records, 2018]
Produzido por Andrew Sarlo, ­Chrome Sparks, Cole M.G.N e outros

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