Crítica: Guerra Mundial Z, de Marc Foster

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Guerra Mundial Z é apocalipse zumbi para toda a família
Bem ameno, filme estrelado por Brad Pitt é um terror que não dá susto e drama que não emociona

Baseado no best-seller de Max Brooks, Guerra Mundial Z tinha tudo para mostrar uma abordagem original sobre o apocalipse zumbi já tão explorado pelo cinema e TV. Mas, acabou ficando conhecido como o mais caro filme do gênero, orçado em 200 milhões de dólares. A trama, estrelada por Brad Pitt, mostra o mundo todo infectado por zumbis ágeis e fortes e a tentativa da Nações Unidas em encontrar a cura.

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Há vários elementos em Guerra Mundial Z que colocam o filme fora dos trilhos do previsível. São pequenos gatilhos que são acionados para tirar o espectador da zona de conforto. Conhecemos o investigador da ONU Gerry Lane (Brad Pitt), que precisa encontrar um lugar seguro para sua mulher (Mireille Enos, revelada em The Killing) e as duas filhas. A cena inicial, com a Filadélfia sendo tomada pela onda de zumbis segue o ritmo dos melhores thrillers do gênero, e assusta por mostrar a coletividade como maior inimiga. A massa humana de infectados age como uma entidade única, semelhante a um formigueiro.

Ao ser salvo em uma unidade militar no Oceano Atlântico, Gerry é obrigado a voltar à ativa como forma de manter sua família a salvo nesse oásis de tranquilidade no meio do mar. Ele parte então para a Coreia do Sul, onde irá investigar os primeiros infectados para tentar conseguir uma cura. Este é outro ponto do roteiro que afasta da solução fácil que é tratar tudo como parte da jornada do herói. Afinal, Gerry foi obrigado a se aventurar, certo? MAS, o que vemos é algo bastante inverossímil, já que tudo acaba se transformando em uma empreitada individualista. É curioso como poucos filmes sobre epidemias e catástrofes exploram a colaboração internacional.

A multidão é o monstro (Divulgação)
A multidão é o monstro (Divulgação)

Ao menos, o roteiro original eliminou o clichê de mostrar apenas o que acontece nos EUA. Gerry vai até Jerusalém e Escócia em sua busca para descobrir a cura, com diversas surpresas pelo caminho. Essa perspectiva global é algo típico do atual momento de Hollywood, obrigada a expandir seu olhar como forma de agradar uma audiência mais diversificada.

Desencontros
O filme tem um roteiro bem estruturado no sentido de não se tornar monótono em nenhum momento, dando pequenos sustos na plateia, mas falha ao errar o equilíbrio entre o thriller e o lado mais humano dos personagens. Esse meio do caminho acabou transformando Guerra Mundial Z em uma experiência frustrante e comedida. Faltou arriscar mais e forçar a plateia a viver e refletir mais a experiência da própria extinção. É algo que Melancolia, de Lars Von Trier conseguiu fazer muito bem. Em Guerra Mundial Z há até mesmo o cuidado com a violência, evitando mostrar sangue e outras cenas mais chocantes, o que livrou a produção de receber uma classificação indicativa alta.

Se isso servisse para explorar mais as questões conceituais do fim do mundo que se aproxima, até poderia fazer sentido. Mas a impressão é que se trata apenas de um longa de pouca coragem visual. Com isso, fica a desejar tanto no terror, no suspense e no drama. Aí fica complicado.

guerramundialzGUERRA MUNDIAL Z
Marc Foster
[World War Z, EUA, 2013 / Paramount]
Com: Brad Pitt, Mireille Enos, Elyes Gabel

Nota: 7,0

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