Crítica: John Constantine Hellblazer Origens – Pecados Originais

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COLOCANDO O MAGO EM ORDEM
Panini lança primeiras histórias de John Constantine e dá um passo importante para organizar a cronologia do personagem no Brasil

Por Paulo Floro
Da Revista O Grito!

Depois de uma dança das cadeiras por diversas editoras, o mago inglês Constantine finalmente conseguiu uma regularidade nas bancas com os encadernados da Panini. Mas, esta edição tem um valor especial, pois publica as primeiras histórias da série original escritas por Jamie Delano no final dos anos 1980. A ideia desta nova coleção é colocar ordem na cronologia do personagem, que ainda segue bagunçada, mas muito melhor do que já foi nos anos 1990.

Cada volume trará na ordem as primeiras edições do título, lançadas pela DC em 1988. Na época, o personagem estava tendo uma chance com sua própria revista depois de fazer aparições em histórias do Monstro do Pântano, onde surgiu. Delano potencializou o aspecto tenebroso das histórias do selo Vertigo até então, trazendo uma escatologia que se assemelhava aos filmes B dos anos 1970. Algumas cenas chegam a ser cômicas de tão absurdas, como quando um monstro skinhead de várias cabeças começa a brigar entre si por torcerem para times diferentes.

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As primeiras tramas envolvem um grupo de cristão e satanistas brigando por rebanhos, demônios yuppies, além de um dos primeiros vilões de Constantine, Nergal. Surgem aqui também os primeiros coadjuvantes, como a bruxa Zed e a sobrinha, Gemma, filha da irmã Cheryl. Utilizando um tom político que era tendência na época, Delano consegue dar mais relevâncias às histórias, que seguem atuais mesmo nos dias de hoje. É o caso da história que tem como pano de fundo as eleições na Inglaterra em 1987, que deu vitória à conservadora Margareth Tatcher.

Ele também aproveitou para incluir elementos muito em voga no período, como a evidência da aids, e o legado da Guerra do Vietnã. O traço do inglês John Ridgway era bastante parecido com o que se costumava ver nos gibis da Vertigo: um estilo que evidencia o horror das histórias, sem muito esmero, mas com impacto visual que casa bem com o tom da narrativa.

Criado por Alan Moore para a revista do Monstro do Pântano, John Constantine mostrou carisma para segurar seu próprio título. Delano, que já havia escrito o Capitão Britânia teve a missão de amarrar as pontas soltas por Moore nas aparições do personagem e dar vida ao seu próprio universo. A revista deu certo e seguiu com um dos títulos mais longevos do selo Vertigo. Essa HQ é um ótimo momento para se acompanhar o anti-herói, ainda que esteja atrás em qualidade de outros momentos, como a fase Garth Ennis, já publicada por aqui (isso é motivo de discórdia entre fãs). Com essa organização iniciada pela Panini deixaremos para trás a desorganizada fase das editoras Metal Pesado / Fractal / Tudo em Quadrinhos / Atitude / Brainstore, que se sucederam nas capas das revistas com o mago.

Ao menos, cumpriram o intuito de tornar o personagem em objeto de culto entre fãs de quadrinhos adultos. A edição da Panini é menos luxuosa, apesar da importância da obra, mas serve para tornar o encadernado mais barato. O volume seguinte está confirmado e continua a fase de Jamie Delano. As coleções organizadas agradecem.

ho1 capa 500x7691JOHN CONSTANTINE HELLBLAZER – ORIGENS VOL. 1 – PECADOS ORIGINAIS
Jamie Delano (texto) e John Ridgway (arte)
[Panini Comics, 184 páginas, R$19,90]
Tradução: Érico Assis (extras)

NOTA: 7,0

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