Crítica: Percy Jackson e o Mar de Monstro, de Thor Freudenthal

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Logan Lorman como Percy Jackson: protagonista sem aquele tchan (Divulgação)
Foto: Divulgação
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OS DEUSES ESTÃO ENTEDIADOS
Continuação Percy Jackson e o Mar de Monstros carece de imaginação

Por Paulo Floro

Percy Jackson é uma das franquias que surgiram na esteira do sucesso de Harry Potter e desde o início se mostrou bem promissora: usa referências da mitologia grega (o protagonista é filho de Poseidon), tem um herói que se assemelha ao leitor comum, seres mágicos e tom épico com referências ao mundo real. Depois de arrecadar mais de US$ 225 milhões do primeiro longa, esta continuação confirma o destino da série como a mais inofensiva e talvez a menos relevante na competitiva safra de blockbusters do últimos anos.

Baseada na série de livros criada por Rick Riordan e lançada no Brasil pela Intríseca, a franquia aposta no fantástico e nos ritos de passagem da adolescência como guia da narrativa. Além do personagem título, o grupo de amigos conta com Annabeth (Alexandra Daddario) o sátiro Grover (Brandon T. Jackson) e o meio-irmão de Percy, Tyson (Douglas Smith no papel de um simpático ciclope). Até aí nenhuma novidade. Na busca por um diferencial, podemos identificar uma abordagem criativa da mitologia greco-romana e suas lendas, enquanto concorrentes criaram um mundo vasto e original do nada. Como isso não é muito, o chamariz acaba sendo o apelo do espetáculo proporcionado pelos efeitos especiais – o que compensaria o ingresso no multiplex.

Mas isso também não é totalmente verdade. Algumas passagens de Percy Jackson e o Mar de Monstros sabem usar bem os recursos do 3D e trazem belos designs, como o “cavalo aquático” e o momento de clímax que mostra um gigantesco monstro marinho praticamente indestrutível. De resto, tudo é bem esquecível. Os personagens carecem de carisma e reproduzem arquétipos já vistos em filmes de “high school” norte-americana, agora adaptados a um acampamento de seres mitológicos e semideuses. A trama mostra a busca por um artefato que pode trazer alguém de volta à vida. O filho de Hermes, um garoto bonitão e cheio de si (kit básico para personalidade do vilão) espera ressuscitar Cronos, famoso deus que comia os próprios filhos e foi morto por Zeus.

Logan Lorman como Percy Jackson: protagonista sem aquele tchan (Divulgação)
Logan Lorman como Percy Jackson: protagonista sem aquele tchan (Divulgação)

A condução da trama é tão prevísivel que contar mais do roteiro estragaria ainda mais o programa que é assistir ao filme. Percy Jackson e O Mar de Monstros não se sustenta como uma atração criativa para crianças e adolescente, hoje cada vez mais exigentes. A produção recente de Hollywood vem criando novos mundos e referências pop que ficarão como legado desses tempos: Jogos Vorazes, Harry Potter, Crepúsculo, O Hobbit/Senhor dos Anéis, sem falar da TV com Game Of Thrones, Walking Dead, True Blood. Percy Jackson precisa correr contra o tempo para figurar no futuro como algo relevante dentro desse panorama.

Apesar de se basear na rica cultura grega faltou mais imaginação para Percy Jackson.

percy2PERCY JACKSON E O MAR DE MONSTROS
De Thor Freudenthal
[Percy Jackson: Sea of Monsters, EUA, 2013 / Fox Filmes]
Com Alexandra Daddario, Brandon T. Jackson, Logan Lerman, Nathan Fillion

Nota: 2,5