Crítica: Reis e Ratos, de Mauro Lima

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FEITO UM PIRIPAQUE
Filme confuso, Reis e Ratos falha ao fazer comédia com a ditadura militar e desperdiça tema ousado e bons atores

Por Paulo Floro

O diretor e roteirista Mauro Lima (do sucesso Meu Nome Não É Johnny) tinha uma proposta ousada e interessante nas mãos: fazer comédia com um tema sério como a ditadura militar (1964-1985) e que já rendeu muitos filmes nacionais de sucesso. O resultado foi um longa confuso e sem pé nem cabeça que misturou elementos do cinema noir, chanchada, humor pastelão da TV e contou até com um espadachim cosaco.

Lima não quis fazer um revisionismo do tema, apostando numa ousadia temática que poderia transformar esse longa em um título marcante. Ele apenas joga seus personagens nesse período que antecede o golpe militar de 1964. Mas, pareceu difícil fazer graça com a ditadura. E o pior: as interpretações são forçadas e todos os personagens são caricatos ao ponto de não conseguirem sustentar nenhuma piada.

A trama mostra os bastidores da ação da CIA no Brasil para impedir o avanço do comunismo. Selton Mello interpreta o americano Troy, um agente que tem uma sapataria de fachada e é casado com uma brasileira interpretada por Paula Bulamarqui. Suas falas parecem saídas de um seriado camp, bem forçadas. Temos também Cauã Reymond se esforçando ao máximo para dar-se bem no papel um tanto constrangedor de um locutor de rádio que tem piripaques mediúnicos.

Em certo momento da trama, ele se transforma em uma espécie de guerreiro cosaco, saindo em busca de justiça no melhor estilo Kill Bill (sem o dinheiro). Completam o elenco Rafaela Mandelli como a cantora Amélia e Rodrigo Santoro despido de sua persona de galã, dando vida a um vagabundo de dentes podres viciado em anfetamina. Santoro é outro que tenta fazer o que pode pelo papel, mas com um texto tão forçado e caricato, fica difícil.

Uma pena que um tema tão interessante e atores bem dispostos tenha sido desperdiçados. A última saída para Reis e Ratos, talvez, seja chegar ao público que consome comédias da Globo (a escola Zorra Total de humor), mas a trama é tão confusa e sem nexo que fica difícil criar empatia com qualquer plateia.

Reis e Ratos. Pôster. 1REIS E RATOS
Mauro Lima
[Brasil, 2012]
Warner Bros.

Nota: 3.9