Crítica: Somos Tão Jovens, de Antonio Carlos de Fontoura

Filme Somos tao jovens CARTAZ

Falta densidade nesta cinebiografia de Renato Russo, talvez o último grande ídolo do rock brasileiro, morto em 1994 vítima da aids. Somos Tão Jovens, que estreou no meio do mês passado em todo o Brasil é bastante raso ao investigar a gênese do líder da Legião Urbana em Brasília dos anos 1980.

Dirigido por Antonio Carlos da Fontoura (de Gatão de Meia Idade e A Rainha Diaba), o filme tem apenas como mérito um bom ator – e isso talvez nem seja mérito do filme afinal. Thiago Mendonça conseguiu criar sua própria versão de Renato Russo, fugindo da caricatura ao mesmo tempo em que encarna com maestria os traços mais marcantes do cantor: egocêntrico, manipulador, chato, mas também inseguro, idealista e romântico.

O filme foca na juventude do músico antes de criar a Legião Urbana, seguir para o Rio de Janeiro e se transformar em um dos ícones do rock dos anos 1980 com a Legião Urbana. Na tela conhecemos Renato Manfredini, um apaixonado por música pop vinda da Inglaterra, como o punk. Naquela época, grupos como Sex Pistols e Clash chegavam com atraso ao Brasil através de pessoas que iam ao exterior e voltavam com fitas k-7 e revistas de música. Com essa influência (mas não só ela), uma cena roqueira despontou na capital do País, como Aborto Elétrico e Capital Inicial.

Somos Tão Jovens assume um didatismo em explicar essa formação das bandas, a educação musical da juventude da época e a trajetória de Renato Russo, do fim do Aborto Elétrico, passando por sua fase como Trovador Solitário, até a formação da Legião Urbana. Sucesso de público até aqui, Fontoura parece ter tido êxito em sua estratégia de fazer algo tão seguro que não teve chance de desagradar nenhum fã (e desde os anos 80, todo mundo em algum momento parece ter uma fase “Legião Urbana”, um fenômeno). É um filme sem opinião, que não problematiza seu personagem central, não tenta compreendê-lo além de uma simples narração de fatos.

É raso em aspectos que renderiam histórias interessantes, como sua sexualidade. Já a Brasília retratada no longa é algo de uma insipidez que parece que estamos assistindo as ~travessuras~ da turma do colégio Múltipla Escolha. Voltando ao ponto forte do longa, o fato do ator Thiago Mendonça cantar as músicas (e não simplesmente dublar) salvou o filme de uma preguiça ainda mais monumental. Em síntese, falta a Somos Tão Jovens algo que apenas um conjunto de coisas que é tanto técnico quanto subjetivo: falta clima. Sem isso, essa biografia ficou chocha.

SOMOS TÃO JOVENS
De Antonio Carlos de Fontoura
[BRA, 2013 / Fox Filmes]

Nota: 4,8