Crítica: Vendo ou Alugo, de Betse de Paula

Vendo ou Alugo Bia Saboia
Marieta Severo e Marcos Palmeira: pouca ousadia, mas personalidade (Divulgação)
Marieta Severo e Marcos Palmeira: pouca ousadia, mas personalidade (Divulgação)
Marieta Severo e Marcos Palmeira: pouca ousadia, mas personalidade (Divulgação)

Vendo ou Alugo faz humor sem melindres

Por Fernando de Albuquerque

O longa Vendo Ou Alugo, dirigido por Betse de Paula e estrelado por Marieta Severo nos mostra de forma leve, despretensiosa e algumas vezes idiota (sem idiotice que graça teria o mundo?) o drama de quatro mulheres que passam o dia fazendo malabarismos para ter alguma diversão em seu cotidiano e que ainda enfrentam uma verdadeira guerra ao morar próximo a um morro carioca. Confronto de classes, pacificação e especulação imobiliária, temas um pouco ásperos, são mostrados sem julgamento moral. São o que são. Acontecem porque acontecem. Cabe ao espectador contrair opinião sobre.

Nathália Timberg interpreta a aristocrática embaixatriz Maria Eudóxia Magalhães Brito Bandeira de Lima, que mora com sua filha, a desencanada Maria Alice (Marieta), com Baby (Silvia Buarque), a neta bicho-grilo, e com Madu (Bia Morgana). Para escapar da falência total e evitar que a casa vá à leilão por causa de dívidas acumuladas, só lhes resta vender o enorme casarão onde vivem, localizada no pé do morro Chapéu Mangueira, no Leme – bairro nobre do Rio.

Quando uma comédia se reúne produção bem azeitada, roteiro bem estruturado e atores experientes, esse caldo só pode render boas gargalhadas da plateia. Os personagens são bem reais. O pastor ex-criminoso, a adolescente em crise com a maior idade, o cafuçu sedento de prazer, a empregada iludida e por aí vai. Fuma-se maconha, toma-se uísque, joga-se flores no mar, oferendas, ginástica na praia… bem real e divertido, como a vida deve ser. É também interessante ver Marieta Severo, por anos ligada ao seu papel em A Grande Família, arejando a carreira em uma personagem politicamente incorreta, avó sexualmente ativa e maconheira.

O longa foi o grande vencedor do último Cine PE, onde foi exibido. Apesar de toda a qualidade já citada acima, Vendo ou Alugo carece de qualquer ousadia esperada em uma mostra competitiva de um festival. Mesmo sem se arriscar, fez de longe o melhor filme da atual (e prolífica) safra de comédias brasileiras.

VENDO OU ALUGO
De Betse de Paula
[BRA, 2013 / Europa Filmes]
Com: Marieta Severo, Marcos Palmeira, Nathália Timberg

Nota: 8,0

Parte desse texto foi publicado na cobertura que fizemos do Cine PE, no Recife, em abril deste ano.