Crítica: Vingadores Vs X-Men

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CASA DAS IDEIAS VELHAS
Vingadores Vs X-Men chega ao Brasil com expectativa de renovação da Marvel, mas se sustenta em narrativas já cansadas

Por Paulo Floro

É difícil nos dias de hoje criar expectativas em relação a uma saga em quadrinhos, nos moldes como acontecia nos anos 1990 para trás. A internet e o fácil acesso aos originais americanos via smartphones e tablets (sem falar dos scans) esvaziou o quesito surpresa das histórias grandiosas da Marvel e DC. É o que acontece com Vingadores Vs X-Men, que chega às bancas depois ser bastante comentada pela mídia especializada, sobretudo aqui no Brasil. A edição #0, que dá início ao embate entre os mais famosos personagens da Marvel, chegou às bancas pela Panini no final do mês de março. Além da minissérie mensal, o evento se ramifica pelas revistas mensais.

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A favor da Panini tem o fato da saga deslanchar uma nova fase para os super-heróis da editora. O chamado Marvel Now zerou alguns títulos e reformulou outros, como forma de retomar o interesse pelas revistas. Deu certo. A Marvel alcançou os primeiros lugares no número de solicitações nos EUA e conseguiu tirar o foco da sua maior concorrente, a DC, que fez uma radical mudança ao reiniciar todos os seus 52 títulos do zero. No Brasil, fãs da Marvel – veteranos e novatos – podem ver em Vingadores Vs X-men uma vantagem para retomar ou iniciar uma nova coleção.

Quem já leu toda a saga sabe que, como acontece nesses mega-eventos, o resultado é bastante irregular. Mas, há algumas novidades boas, como a presença do roteirista-revelação Jason Aaron. Neste número 0, por exemplo, temos um defeito comum nas grandes sagas, que é a prolixidade. A história começa com Cable voltando do futuro para salvar sua filha, Esperança, tida como o novo messias mutante. O problema é que ele precisa eliminar os Vingadores para que esta linha do tempo não aconteça.

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Jeph Loeb, roteirista hoje conhecido por suas ideias cansadas, nos dá uma história arrastada, que vai se repetindo, mudando apenas os personagens: Cable elabora um plano, enfrenta um vingador e o captura. E tudo se desenrola em uma narrativa chatíssima, recheada de flashbacks e uso da voz em off (muleta dos anos 90 que ninguém mais aguenta). A revista melhora lá pelo final, com a chegada dos escritores Brian Michael Bendis e Jason Aaron. Conhecidos pelos bons diálogos, bom equilíbrio no realismo, os dois sabem explorar todos os elementos da Marvel com criatividade (reparem a aparição do vilão mais ridículo de todos, Modoc, que serve apenas como pretexto para uma conversa de comadres heroínas, Feiticeira Escarlate, Carol Danvers e Mulher-Aranha).

Aqui, a saga começa a tomar forma (e percebemos como as primeiras histórias de Cable eram apenas enche-linguiça). Esperança é uma adolescente impulsiva. Ela se rebela contra a autoridade de Ciclope e decide lutar contra o crime no melhor estilo vigilante clássico. O problema é que tudo indica que a entidade Fênix está voltando e busca o corpo da garota.

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O de sempre
Nem nos surpreendemos mais com essa repetição de conceitos da Marvel, mas bem que os roteiristas poderiam apostar em algo totalmente novo. A Fênix já está cansada de retornar à Terra, enfrentar os mutantes, etc. Algumas vezes, sua aparição é utilizada a favor de uma boa história, como Grant Morrison fez em Novos X-Men. Em outras, seu retorno é pura monotonia. Neste caso de Vingadores Vs X-Men, sua chegada dividiu opiniões. O fato é: os quadrinhos norte-americanos de heróis buscam saídas para uma crise de identidade. Reciclar velhos conceitos pode ser uma alternativa para renovação, mas é preciso arriscar mais.

Ao leitor brasileiro, essa repetição de histórias e personagens é ainda mais traumática. O verdadeiro fã dessas leituras pode chegar a uma saga como Vingadores Vs X-Men já sabendo de tudo.

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Jeph Loeb, Jason Aaron e Brian Michael Bendis (texto), Ed McGuinness e Frank Cho (arte)
[Panini Comics, 132 páginas, 2013]
Tradução: Rodrigo França, Paulo França e Fernando Lopes
Preço: R$ 12,90

Nota: 5,0

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