Crítica: Vitor Araújo | A/B

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Este é o primeiro disco de estúdio de Vitor Araújo (Foto: Tiago Calazans)

Explorando território pop, Vitor Araújo une erudito e experimental em novo disco

Como fica bem claro no título do disco, o novo trabalho de Vitor Araújo – já disponível para download – apresenta duas facetas bem distintas do músico pernambucano. No lado A, faixas delicadas ao piano que acentuam uma introspecção, ao mesmo tempo em que grita melancolia. São quatro músicas, todas batizadas como “Solidão”. É uma parte mais voltada para o erudito, deixando claro o escopo que Vitor conservou com seus anos de estudo dos clássicos. “Solidão n.4” tem participação de Guizado, nos trompetes. A segunda metade, ele parte para uma viagem experimental mais ousada – e raivosa.

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As quatro faixas que encerram o LP unem o lado pop, com referências a Hermeto Pascoal, Kraftwerk e ecos das fases mais difíceis de digerir do Radiohead. “Baião”, single que também ganhou clipe tem execução nervosa, com samplers de Yuri Queiroga e inicia a catarse nesta segunda metade. “Jongo” diminui a cadência, mas mantém a ansiedade no topo. A música é uma releitura de Lorenzo Fernandez, sendo uma das duas faixas que não contam com composições do pianista. A outra é “Veloce”, de Claude Bolling, que aqui teve participação do grupo Rivotrill. O final é puro rock experimental, com participação do grupo instrumental Macaco Bong. “Pulp” é a música que liberta Vitor Araújo e o joga em um território cheio de possibilidades para um próximo trabalho.

A/B é o disco mais importante deste jovem pernambucano por conseguir condensar todas suas facetas em um único trabalho. Revelado para a música brasileira em um concerto no Teatro de Santa Isabel, quando tocou “Paranoid Android” ao piano, para o susto dos eruditos xiitas, Vitor Araújo foi grata surpresa na música instrumental nacional, passeando com habilidade em um território pouco explorado pelo pop, que é a música clássica. Depois do DVD Toc, ele já anunciava seu interesse em se libertar dessa amarra de gêneros e experimentar outras sonoridades.

O seu show no festival No Ar Coquetel Molotov comprovou que A/B funciona tão bem em estúdio quanto executado ao vivo. Apresentação contida e ao mesmo tempo furiosa, Araújo encerrou sua participação com um som que reverberou por um tempo após sua saída do palco. É esse o efeito que fica após a audição do disco. [Paulo Floro]

vitorVITOR ARAÚJO
A/B
[Independente, 2012]
[Recomendado]

Nota: 9,0

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Editor