Duas décadas de um grande encontro no Classic Hall

Quando foi anunciado que Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Alceu Valença fariam uma turnê comemorativa dos 20 anos do show O Grande Encontro, a primeira coisa que ocorreu aos fãs e foi especulado na imprensa foi se o projeto perderia muito de sua configuração original não tendo na turnê a presença de Zé Ramalho, quarto integrante desse cultuado coletivo musical nordestino, que preferiu não fazer parte da reunião e seguir com seus projetos individuais, justificando oficialmente que o formato já tinha rendido o bastante. Zé faz falta (e como faz!), mas essa apreensão em parte foi dissipada, com a confirmação das datas da turnê que está rodando o país (já passou pelo Rio, São Paulo, Teresina, São Luiz, Uberlândia, Brasília, Vila Velha e segue ainda para Fortaleza) e a expectativa de ver, enfim reunidos, os três integrantes que se propuseram a interpretar algumas de suas mais canções mais emblemáticas.

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Fotos: Wellington Silva

O show original, gravado em julho de 1996 durante uma apresentação no Canecão (Rio de Janeiro), rendeu três álbuns repletos de tesouros do repertório dos quatro músicos e segue sendo ouvido por gerações posteriores. Foi esse público numeroso e heterogêneo que compareceu ao Classic Hall nesta sexta (2), para vê-los cantar. Individualmente, Elba, Geraldinho e Alceu arrastam seus séquitos aonde forem, sejam nos protocolares e não menos apoteóticos shows que fazem todo ano no Carnaval do Recife, seja em apresentações mais contidas em teatros. Juntos, é uma reunião de monstros, mesmo.

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Na apresentação do Classic Hall, a dinâmica se deu com músicas que o trio executou juntos e músicas que interpretaram sozinhos. O primeiro bloco teve Anunciação, Caravana, Me dá um beijo e Sabiá. Em seguida foi a vez de Geraldinho mostrar o por quê de ser um dos nossos maiores artistas vivos e em atuação, desfilando tesouros como com Papagaio do Futuro, Moça Bonita, Sétimo Céu, Dona da minha cabeça, Dia Branco e Só depois de muito amor, Bicho de Sete Cabeças e Chorando e Cantando. Veio Elba maravilhosa e trouxe Saudade D’ocê, Chão de Giz, Sangrando, O princípio do Prazer, um medley com Na base da chinela/Que nem jiló/Eu só quero um xodó, Ciranda da Rosa Vermelha, Tesoura do Desejo. A Alceu coube mais um punhado de necessárias: Belle de Jour, Girassol, Coração Bobo, Cabelo no Pente, Morena Tropicana, Táxi Lunar, Ciranda da Traição, Pelas ruas que andei, Banho de Cheiro, até o fim carnavalesco com Frevo Mulher. Quem gosta de verdade sempre vai ter esse e aquele clássico pessoal (“Faltou Talismã!”, “Podiam ter tocado A Prosa Impúrpura do Caicó!”, “Senti falta de Veja (Margarida)!”, “Queria ouvir O Amanhã é Distante!”), mas a energia vibrante fez valer as mais duas horas. Algo de mágico acontece quando Elba, Geraldinho e Alceu estão reunidos, e agora será eternizado em DVD, já disponível nas principais plataformas de streaming.

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