Entrevista: Chuck Hipolitho, do Vespas Mandarinas

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Chuck Hipolitho, o segundo da esquerda para direita (Divulgação)
Chuck Hipolitho, o segundo da esquerda para direita (Divulgação)
Chuck Hipolitho, o segundo da esquerda para direita (Divulgação)

A nova de Chuck Hipolitho

Por André Mantra
Colaboração para a Revista O Grito!

Chuck Hipolitho iniciou mais um empreendimento roqueiro: trata-se do Vespas Mandarinas, banda que vem recebendo elogios com seu disco Animal Nacional, lançado este ano. Chuck tocou até 2009 o Forgotten Boys, que circulou bastante em festivais e shows pelo País.

Hoje à frente da cobertura musical na MTV (ao lado de Gaía Passareli), Chuck ainda se divide comandando sua empresa, o Estúdio Costela. Batemos um papo rápido com ele sobre seus projetos atuais, a atual cena de sua cidade, São Paulo e seus primeiros passos como baterista de marchinhas de carnaval.

A banda Vespas Mandarinas vive uma boa repercussão do disco Animal Nacional e já inicia os primeiros shows. O momento atual da banda corresponde às expectativas criadas por você?
Quando começamos a gravar o disco minha expectativa era ter um bom disco. Essas foram cumpridas. Depois disso eu só queria energia positiva e foco de todos os envolvidos na divulgação do disco, e está tudo rolando. Ainda falta muito trabalho para ser feito, estamos apenas no começo e não criamos falsas expectativas. Um passo depois do outro sempre.

Como você se vê como artista hoje e qual a diferença para o Chuck da época do Forgotten Boys?
Sou uma esponja, absorvo tudo, e meu peito nunca esteve tão aberto. No fundo sou a mesma pessoa, apenas aprendi truques novos.

Você passou alguns períodos fora de São Paulo, interrompendo projetos, etc. Essas experiências mudaram o seu ponto de vista sobre a carreira?
Sim, nada melhor do que conhecer coisas novas para expandir os horizontes.

O que faz falta hoje ao cenário do rock e do pop brasileiro nos aspectos mais básicos, quando comparado às décadas de 1980 e 1990?
Falta verdade.

E de 2001 até os dias atuais, você consegue citar quem faz ou fez a diferença do rock ou pop brasileiro?
Não penso as coisas dessa forma… mas as coisas lançadas pela Laja Records foram uma boa fonte de coisas legais e verdadeiras para me inspirar.

Há anos que você e a Gaía Passareli são os profissionais que são a imagem da MTV, principalmente diante dos artistas, através das suas matérias jornalísticas, apresentações nos programas e com conteúdo também na internet através da MTV1. Como você vê a atuação do canal hoje?
Nos limitamos a fazer com amor e boa vontade o que nos pedem.

Há parcerias muito bacanas dentro da sua empresa, o Estúdio Costella. Um exemplo é o projeto Costella Live Sessions. Os projetos e os demais trabalhos no Costella continuarão?
Sim, não vejo a hora de voltar a trabalhar mais lá. O Costella é um laboratório, muita coisa deve sair de lá. Em Novembro devo produzir e gravar o disco novo d’Os Pedrero, estou ansioso.

Qual o papel do produtor musical no mercado nacional, e na prática como esse profissional é entendido?
Essa resposta rende um livro. Existem tantos tipos de coisas que um produtor faz e tantos tipos de produtor… Pense em um filme e seu diretor, o produtor é o diretor.

Como definir o trabalho do Rafael Ramos (Deckdisc) que produziu o “Animal Nacional” das Vespas Mandarinas?
Essencial e invejável.

Muito se fala hoje de uma especulação imobiliária em São Paulo e da sobrevivência dos espaços para artistas independentes. Há mesmo essa dificuldade, como você vê esse cenário?
Decidimos não nos restringir a espaços independentes, e também decidimos evitar ao máximo tocar em lugares onde o foco seja a balada e/ou DJ. Logo, não nos preocupamos muito com isso. Se não houver mais lugar para se apresentar as pessoas irão às ruas mostrar seu trabalho.

Quais são as maiores dificuldades para que deseja fazer da música um meio de vida hoje?
Produzir algo que nos proporcione isso.

Por fim, qual a lembrança mais remota de você querer trabalhar com música?
Trabalho de verdade? Toquei por 2 anos seguidos como baterista em uma banda de carnaval em Pirassununga. Havia um baterista para as músicas de Axé e um para as marchinhas, eu era o das marchinhas. Eram 4 dias de show, 6 show ao todo contando as matinês. Meus sets eram de 2 de 1 hora tocando sem descanso (marchinas são emendadas umas nas outras…). Esses shows eram populares, no centro da cidade. Cerca de 10.000 pessoas por noite, todo dia. No último dia eu peguei a princesa do carnaval. Eu tinha 18/19 anos.