Entrevista: Marcello Quintanilha, quadrinista autor de Tungstênio

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Autor ficou conhecido pelas crônicas visuais. (Foto: Acervo Pessoal/Reprodução).
O novo trabalho de Marcello Quintanilha no Brasil: pessoas comuns. (Divulgação).
O novo trabalho de Marcello Quintanilha no Brasil: pessoas comuns. (Divulgação).

O quadrinista da vida real

Marcello Quintanilha é conhecido por ser o quadrinista das pessoas comuns. Trabalhando na crônica social, ele lançou álbuns ótimos como Sábado dos Meus Amores e Almas Públicas (ambas da Record), além de ter adaptado o romance O Ateneu (Ática) e desenhado uma edição da série Cidades Ilustradas sobre Salvador, cidade onde diz ter se encontrado consigo mesmo.

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Nascido em Niterói, o autor vive hoje em Barcelona, na Espanha, onde atua no mercado de quadrinhos de lá. Sua nova HQ Tungstênio traz uma diferença importante para a sua carreira: é sua primeiro novela em quadrinhos (ou “graphic novel” como preferir).

Até então ele tinha se dedicado a contar histórias curtas de seus personagens, entre eles jogadores de futebol e jovens de subúrbio. No novo livro ele entrega uma trama intricada que mistura suspense e romance sem deixar de lado a crônica social, que é sua principal característica.

Autor ficou conhecido pelas crônicas visuais. (Foto: Acervo Pessoal/Reprodução).
Autor ficou conhecido pelas crônicas visuais. (Foto: Acervo Pessoal/Reprodução).

Entrevistamos Marcello por email sobre esse novo lançamento, que chega ao Brasil pela editora Veneta. Veja abaixo:

Você ficou conhecido por livro que evidenciavam crônicas visuais sobre cotidianos brasileiros. Como surgiu a ideia de fazer uma graphic novel? O que pode nos contar sobre Tungstênio
Eu não planejei fazer uma Graphic Novel. Eu comecei a escrever a história e ela foi assumindo as rédeas. Ela decidiu como queria ser contada. Minhas inspirações são sempre as da vida real, cotidiana, os relacionamentos truncados, a forma como cada um de nós afronta o aço do dia-a-dia.

Você assinou um livro da série Cidades Ilustradas sobre Salvador. O que essa cidade te provoca enquanto autor que te instigou a retornar para essa HQ?
Sim, é verdade. Considero que trabalhar sobre Salvador foi um dos grandes momentos da minha carreira. Como já falei em outras ocasiões, conhecer essa cidade foi como encontrar-me comigo mesmo. Desde então voltei a seu universo em outras histórias e, com Tungstênio, aconteceu mais uma vez.

Morando em Barcelona por tanto tempo, você consegue dizer se o mercado daí está melhor que aqui no Brasil? Como seu trabalho é recebido na Europa?
O trabalho da linha Almas Públicas ou Tungstênio é visto com muita estranheza na Europa, precisamente pela carga pessoal impressa nele. O mercado editorial na Espanha se assemelha muito ao do atual momento do mercado de quadrinhos brasileiro.

Foto: Divulgação/Veneta.
Foto: Divulgação/Veneta.

Tem acompanhado o momento pelo qual passa os quadrinhos brasileiros, sobretudo a produção independente?
Não tudo, mas alguma coisa e sim, há trabalhos ótimos.

Quando você se mudou para a Espanha trabalhou em Sept balles pour Oxford. Em seguida colaborou com diversas publicações. Tem interesse em lançar esse material por aqui?
Sim, mas as editoras brasileiras ainda não se decantaram por isso.

Causou muita repercussão o apelido que Aldir Blanc te deu, “o Rossellini tupiniquim”. Que artistas te inspiraram na formação desse seu estilo realista?
A palavra do Aldir não está nem um pouco longe da verdade: o neorealismo italiano é preponderante – especialmente na figura de Vittorio de Sica; mas não percamos de vista diretores como Tony Richardson ou Orson Welles; a literatura de Machado de Assis; a força do traço de François Boucq…

Por fim, quais são as memórias mais antigas que você tem de querer ser um quadrinista?
Elas se confundem com a mais antiga imagem que tenho de estar diante de uma folha de papel.

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