Entrevista Os Capitães da Areia, de Lisboa

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FLORESTA TROPICAL DAS MULHERES
Determinação em prolongar uma mentalidade adolescente e veraneante através da reinvenção do modelo pop

Por Pedro Salgado
Colaboração para a revista O Grito!, em Lisboa

“Se Brian Wilson aparecesse no nosso estúdio, agradecíamos-lhe pela boa música que fez e seria interessante que deixasse a sua marca. Nem que fosse uma palavra, um acorde ou produzisse o nosso disco”. Tal como os Beach Boys, a pop portuguesa e colorida dos anos 80 povoa o imaginário d´Os Capitães da Areia desde a sua formação, em Abril de 2009.

A estreia dos Capitães Pedro (vocalista), Vasco (baixista), António (baterista) e Tiago (guitarrista) ocorreu um mês depois, fazendo a primeira parte de uma atuação d´Os Golpes, no Santiago Alquimista, em Lisboa. Seria Manuel Fúria o padrinho da banda e futuro produtor do disco de estreia, O Verão Eterno d´Os Capitães da Areia, em finais de 2011.

Os shows do grupo lisboeta definem-se por exigência, ritmo e energia. E canções como “Bailamos No Teu Microondas” ou “Capitão Bomba” revelam uma prolífica capacidade composicional e uma vontade indomável em reinventar a pop. Em conversa com a Revista O Grito!, Os Capitães da Areia falaram do seu primeiro disco e das ambições da banda.

Leia Mais: Os Capitães da Areia
Crítica do disco O Verão Eterno D’Os Capitães da Areia

O nome Capitães da Areia reflecte apenas uma atitude ou convida a uma viagem?
É o convite a uma viagem com atitude e é um nome muito bonito (risos).

Porque escolheram “Brincos De Cereja” para abrir o álbum?
Inicialmente, a canção foi composta para abrir os concertos e depois verificamos que funcionava bem no começo deste trabalho, a letra fazia sentido e era uma excelente introdução ao álbum. Ela tem um pouco de tudo. Só não inclui música electrônica, mas é uma boa amostra do conjunto de temas que compõem o disco.

De que riqueza e beleza falam em “Amor Exige Propaganda”?
Falamos da riqueza e da beleza das garotas que não têm a nossa idade e de um Portugal tropical.

Gostei particularmente de uma declaração recente: “Queremos que as pessoas se dispam de preconceitos e abracem a estação imaginária”. É um sonho viável?
É um sonho viável na medida em que é um sonho. E enquanto acreditarmos que é possível concretizá-lo vamos continuar a afirmar essa ideia uma série de vezes. Quando percebermos que é impossível acontecer mudamos de sonho.

Já alguma fã os surpreendeu de uma forma especial?
Sim! Num dos nossos primeiros concertos, durante a promoção da coletânea Novos Talentos FNAC 2010, apareceu uma fã a pedir autógrafos, a todos os integrantes do grupo, e ela tinha o disco e fotografias da banda. Na época foi um choque, porque eramos pouco conhecidos, e no meio do nada surgiu uma pessoa completamente dedicada e entusiasta d´Os Capitães da Areia. Temos outro grande fã, o Dj Sardine. Ele passa música e assa sardinhas (risos). Conhecemo-nos no Largo da Bica, em Lisboa, e sempre que nos cruzamos lembramo-nos desse dia mítico.

Tendo em conta que 2012 é o ano do Brasil em Portugal, a expressão “Hoje Portugal, amanhã Brasil”, faz sentido para vocês?
Concordamos! Porque o nosso objetivo é de que tudo o que estamos a viver não seja uma viagem de curta duração. Gostamos do que fazemos e a nossa ideia, até agora, é de que se mantenha, dure e perdure. Nesse sentido, Portugal chegará a um limite e se nós continuarmos com o vício doentio de sonhar e de fazer coisas, não digo que seja hoje ou amanhã, vamos lá atuar pelo menos uma vez e se gostarem ficamos lá a passar umas férias (risos).