Entrevista Os Golpes, de Portugal

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GOLPADA DE SUCESSO
Uma das bandas mais promissoras de Portugal explica que faz música simplesmente “para colocar todos a dançar” e espera convite para fazer sucesso no Brasil

Por Pedro Salgado
Colaboração para a Revista O Grito!, em Lisboa

Retiraram o nome de um filme de François Truffaut e identificam-se com o Caetano Veloso de Transa e com os Los Hermanos. Os Golpes são uma das bandas mais promissoras de Portugal e convertem em linguagem pop/rock a simbologia portuguesa.

O som de Manuel Fúria (vocalista e guitarrista), Luís Afonso (Baixista), Pedro da Rosa (guitarrista) e Nuno Moura (baterista) encontra a melhor tradução ao vivo, onde a força rítmica desta banda de Lisboa empolga os seus inúmeros seguidores.

» Crítica: Banda confirma boa impressão causada no disco de estreia

O disco de estreia rendeu-lhes um êxito, Marcha dos Golpes, mas principalmente boas críticas e referências em listas de melhores discos e melhores canções de 2009. Recentemente, gravaram um EP e falaram com a Revista O Grito! , em Lisboa, obre a carreira e as suas ambições.

Quais são as diferenças entre o novo trabalho, G, e o disco de estreia?
As diferenças são o fato do primeiro álbum ter sido uma espécie de “melhor do que tinhamos feito até então”. Essas 11 canções, que escolhemos para Cruz Vermelha Sobre Fundo Branco (o primeiro trabalho), contam uma história e têm entre elas uma narrativa qualquer. O segundo disco já é uma coleção de músicas que não entraram nesse trabalho e outras que foram feitas no tempo em que faziamos a turnê do nosso primeiro CD. Portanto, G não tem esse lado tão preocupado de alinhamento mais forte. Para além disso, o primeiro disco foi gravado por pistas e este EP foi gravado direto em um dia e meio.

Como surgiu o convite a Rui Pregal da Cunha para cantar Vá Lá Senhora ?
Durante as gravações e preparação do lançamento do primeiro disco, o Nuno Roque (N.E.: que masterizou e co-produziu o primeiro CD do grupo), mostrou o nosso material ao Rui e falou-nos numa possível participação dele no disco. Tinhamos pouco tempo, mas no “Vá Lá Senhora” percebemos que seria a altura ideal para o desafiar. Ele gostou imenso da canção e combinámos um ensaio. Passado uns dias fomos para estúdio, o Rui entrou na cabine, pôs os auscultadores na cabeça e o microfone à frente e ao primeiro take deixou-nos de boca aberta com a entrega e energia brutal que pôs nas palavras. Acertámos em cheio e era isto que a música precisava.

Vocês são associados ao boom do rock português de 1980 e particularmente à banda Heróis do Mar. Sentem que podem ser tão grandes como eles?
Só o tempo o dirá. É com muito orgulho que ouvimos as comparações que são feitas com algumas bandas fundamentais para nós e que marcaram a história da música pop/rock em Portugal. Como é o caso dos Heróis do Mar, que são uma referência comum a todos nós. Temos uma sonoridade e identidade própria, mas essa identidade não nega quem somos nem o nosso passado e o futuro que virá. Abraçamos tudo com confiança e temos a certeza de que muito mais está para vir.

Li numa entrevista que pretendem conciliar valores portugueses com uma certa noção de modernidade artística. Como é feita essa atualização?
Não fazemos um grande esforço para atualizar nada em específico. Falamos de coisas que são patrimônio nosso e de Portugal (símbolos, referências e personagens). A atualização consiste apenas no olhar que temos sobre as coisas agora. O olhar é necessariamente novo, porque somos pessoas novas, este é o nosso tempo. Tratam-se de monstros ou coisas antigas que habitam connosco ou com qualquer português que tenha passado muito tempo em Portugal. Não há grande esforço, é apenas um olhar que é transformado em canção e vai soar novo, porque é o nosso olhar e não outro.

A máxima de vocês é “tocar para por as pessoas a dançar”. Pretendem manter-se fiéis a esse conceito?
Claro que sim! O objetivo é por as pessoas a dançar e isso é um ótimo pretexto para tocar. Principalmente, para pessoas que estejam dispostas a ouvir-nos. É uma grande alegria interpretar as nossas canções e vermos na cara das pessoas que aquilo é um manifesto de felicidade ou rico em cultura que as pessoas nos dão a nós. Há várias maneiras de dançar e Os Golpes querem por as pessoas a dançar. Com “Vá Lá Senhora” talvez sem pensar muito no assunto, mas há outras músicas em que apelamos a uma cadência diferente. São temas que mexem connosco emocionalmente e talvez haja muita dança para esses lados.

Acreditam na possibilidade de triunfar no Brasil?
Sim! Mesmo que seja completamente impossível não vamos deixar de acreditar. Como qualquer banda que se preze temos sonhos de grandeza. O Brasil não é um país, é um continente e tem um potencial muito difícil de medir. Se no meio desse território houver um espaçinho para Os Golpes, nós daremos o nosso melhor e encheremos de brio e trabalho os palcos brasileiros que nos receberem. Desde que começamos a ter mais atenção por parte da imprensa, ponderamos ir ao Brasil porque é um país fantástico e julgo que o seu público ia gostar de ouvir as nossas canções. Mas sim, o Brasil é o futuro. Levem-nos ao Brasil para dar umas boas surfadas (risos).

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