Entrevista: Planet Hemp

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RECIFE FOI O COMEÇO DE TUDO
O guitarrista Rafael Crespo, do Planet Hemp fala da importância da cidade para a banda e de um possível disco de inéditas

Banda se apresenta sábado no Chevrolet Hall, no Recife

Por Paulo Floro

Dez anos depois da separação, o Planet Hemp consegue unir os integrantes originais e sair pelo Brasil em turnê. A banda chega ao Recife neste sábado (10) (veja detalhes do show) para tocar todos os hits que fizeram do grupo um dos mais polêmicos – e também dos mais famosos no mainstream nacional da década de 1990. Advogando a favor da maconha em um País que quase nada sabia da planta, eles conseguiram chamar atenção para discos já clássicos do rock nacional, Usuário e Os Cães Ladram, Mas A Caravana Não Para. Além do teor explosivo das letras, o destaque foi a mistura de reggae, rock, hip hop e dub, hoje percebido como o maior legado do PH para o pop.

Aproveitando a passagem do Planet Hemp por Recife, entrevistamos o guitarrista Rafael Crespo (na foto acima, ao fundo), um dos integrantes originais que retorna para a turnê de reunião do grupo. Ele conta que Recife foi bastante importante para a história da banda. Foi aqui que ele e os outros integrantes viram o disco Usuário pela primeira vez, depois de pronto. “Foi uma lembrança muito marcante. Foi o início de tudo ali”.

Ele contou também sobre como enxergam a luta pela legalização da maconha hoje em dia, a sensação de voltar depois de tanto tempo separados e sobre um possível disco de inéditas. Veja a seguir.

Dez anos depois, como foi voltar a tocar com todo mundo junto? Como surgiu a ideia?
A idéia surgiu a partir de um convite do circo voador, para comemora seus 30 anos, achamos legal e topamos. Tem sido muito bom voltar a tocar com todos, tem uma química bem legal entre nós, e isso é muito gratificante.

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O Planet Hemp em meados dos anos 1990 (Foto: Divulgação)

Nesse período em que a banda ficou parada – e todos os integrantes estavam focados em outros projetos – como era a relação entre vocês?
Acho que sim. Eu perdi um pouco o contato com a galera no início, fui morar em São Paulo, depois passei a interagir mais com todos pela internet. Eu sei que o Pedro tem um estúdio de gravação no Rio, o Formiga toca com uma galera lá também, e eu tenho um estúdio em São Paulo.

O Planet Hemp causou muita polêmica no final dos anos 1990, mas possui uma trajetória de sucesso comercial. Como vocês se encaixam no mercado hoje? Ainda existe espaço para a ousadia que vocês mostravam naquela época?
Acredito que sim, tanto que os shows tem sido um sucesso. Acho que espaço para ousadia sempre teve, o que rolou foi mais uma acomodação geral mesmo.

Recife foi importante na história da banda? Que lembranças vocês têm da cidade?
Recife foi onde, nós da banda, vimos nosso disco Usuário pronto, pela primeira vez, foi quando nós pegamos ele na mão. Foi início de tudo ali. Viemos tocar no primeiro Abril Pro Rock, se não me engano. Foi uma lembrança muito marcante, ver o nosso CD pela primeira vez. O resultado final daquela trajetória que estávamos começando.

Falar de maconha hoje em dia é mais fácil do que há 15, 20 anos atrás?
Ainda bem que sim. Esses temas tidos como tabu, precisam ser desmistificados. Enquanto se evita falar sobre certas coisas, continua-se a alimentar mais o preconceito e a ignorância. Todos esses temas polêmicos precisam ser debatidos cada vez mais, de um ponto de vista esclarecedor e imparcial, para que as pessoas possam formar suas próprias opiniões.

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Disco Usuário trouxe novidades ao pop brasileiro (Divulgação)

Vocês seguem advogando a favor da cabbanis? Qual o entendimento que o grupo tem em relação ao assunto?
Falo apenas por mim, não fumo mais maconha há 11 anos, mas continuo sendo a favor da legalização, acho que é uma decisão saudável para toda a sociedade. E acredito que, com as outras drogas, deve haver um outro tipo de abordagem. O álcool pra mim é uma das drogas mais danosas, e existe toda um indústria gigantesca que lucra com isso. E pelo que eu saiba, essa indústria não contribui em nada com tratamento de alcoólatras.

Com os primeiros discos da banda de volta às lojas em vinil e uma turnê pelo País, o interesse pela banda parece ter retornado. Pensam em lançar material inédito?
Não temos nada programado, assim como não tínhamos programado todos esses shows, e eles foram acontecendo.
Pode ser portanto, que saia algum material novo.