Herbert Daniel, ativista pioneiro do movimento LGBT no Brasil, ganha biografia

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Guerrilheiro gay: Herbert Daniel durante passagem por Paris. (Foto: Reprodução).

Herbert Daniel, um dos pioneiros do movimento LGBT no Brasil e ativista pela democracia durante a ditadura, ganha biografia. Revolucionário e gay – A vida extraordinária de Herbert Daniel, de James Green, sai este mês pela editora Civilização Brasileira/Grupo Record.

Estudante de Medicina em Belo Horizonte no início da década de 1960, Herbert Daniel logo se juntou às fileiras da resistência à ditadura civil-militar instaurada no Brasil em 1964. Entrou para a luta armada e conviveu com nomes ilustres do movimento, como o capitão Carlos Lamarca e a ex-presidente Dilma Rousseff. Um dos últimos brasileiros a voltar do exílio, na década de 1980, escreveu e editou livros e ainda engajou-se nas campanhas pela defesa do meio ambiente e das minorias e foi um importante ativista pelos direitos das pessoas portadoras de HIV/Aids no Brasil.

Daniel foi também pioneiro ao se candidatar a deputado estadual e a se assumir publicamente como homossexual, fazendo campanha e militando no embrionário movimento LGBT no Brasil. Mas, nem sempre foi assim, como nos conta o historiador James Green na biografia. Para o autor, para ser aceito nos grupos de esquerda e participar da luta armada Daniel precisou reprimir sua homossexualidade, vista com maus olhos pelos militantes da época, e viveu, segundo ele, uma espécie de “exílio interno”. A motivação para escrever a biografia veio da percepção de que, mesmo com toda a sua importância no ativismo de esquerda e pelos direitos humanos, Daniel foi esquecido.

“Ele foi uma pessoa que vivia em certo sentido antes do seu tempo, pois a sociedade brasileira não estava preparada para receber as novidades que ele apresentava, por exemplo, na sua campanha eleitoral de 1986 ou inclusive nas campanhas sobre HIV/Aids. O país também passou por muitas crises econômicas, políticas e sociais desde 1992, quando ele faleceu. Não sei se é verdade que os brasileiros não têm memória, mas às vezes é essencial oferecer um livro, um documentário, ou um filme sobre uma pessoa extremamente importante numa determinada sociedade justamente para relembrar as pessoas sobre estas figuras extraordinárias, que viveram em outros momentos”, diz Green em entrevista para o blog da Record.

O livro, que tem orelha de Dilma Rousseff, 378 páginas, um encarte de fotos e custa R$ 69,90.