Janeiro de Grandes Espetáculos apresenta a peça Në rope – A fertilidade da nossa origem, dialogando sobre o extermínio e luta dos povos originários

Espetáculo estreia nos dias 14 e 15, às 19h30, no Teatro Barreto Júnior

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Foto: Nando Chiappetta. (Divulgação).

Në rope – A fertilidade da nossa origem é um espetáculo teatral que a partir do encontro de um jornalista independente e um pajé que teve seu filho assassinado, denuncia a política oficial de extermínio dos povos originários latino-americanos, ao mesmo tempo que reverencia o xamanismo ameríndio. Trazendo roteiro e atuação de Jr. Aguiar e André Zahar que apresenta uma jornada de cura, resgate e autotransformação, a peça estreia nos dias 14 e 15, às 19h30, no Teatro Barreto Júnior, integrando a programação do Janeiro de Grandes Espetáculos.

Iniciada na cobertura de um crime brutal ocorrido no coração da floresta amazônica após a invasão de terras indígenas pelo garimpo ilegal, a montagem se inspira em episódios históricos como a Guerra dos Bárbaros no Sertão do Nordeste, o Massacre de Haximu, o bombardeio aos Waimiri Atroaris na construção da Transamazônica, além de crimes mais recentes envolvendo os mesmos atores políticos. O processo de criação foi atravessado ainda pelos lamentáveis martírios do indigenista Bruno Pereira e do repórter Dom Phillips no Vale do Javari em junho de 2022.

O espetáculo é fruto de uma pesquisa a partir de autores indígenas brasileiros como o xamã ianomâmi Davi Kopenawa e o escritor Ailton Krenak. Os roteiristas  fizeram entrevistas com pensadores e lideranças como o escritor Kaká Werá Jecupé, o cacique Marcos Xukuru, o cineasta Hugo Fulni-ô e o líder espiritual e artista Nawa Siã Huni Kuin. O título da produção foi extraído do livro A queda do céu: në rope e é o termo apresentado por Kopenawa ao antropólogo Bruce Albert, traduzido como “princípio da fertilidade da floresta”.

Paralelamente, o espetáculo integra-se ao movimento neoxamânico, que busca a expansão da consciência e o resgate de uma prática espiritual ancestral indissociável da natureza, além de destacar a importância do jornalismo em regimes autoritários e de extermínio.

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Jr. Aguiar e André Zahar. Foto: Michelle Assumpção.