João Montanaro | Cócegas no Raciocínio

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Cheio de sarcasmo e ainda tendo que lidar com consternação em relação a sua idade, João Montanaro lança seu primeiro livro

Por Lidianne Andrade

capa cocegas previa 2O que antes limitava-se a apenas um blog, o nome João Montanaro agora ‘é doce’ nas buscas: são ‘72.900 resultados’ no Google. Aos 14 anos, o cartunista já tem muita bagagem acumulada: foi entrevistado de Jô Soares, Ana Maria Braga e no programa Metrópolis. É chargista da Folha de São Paulo, ao lado de nomes como Angeli e publica tiras em seu blog quase diariamente. Com seu estilo irreverente e sarcástico a níveis culturais considerados de gente grande, recebe elogios rasgados de nomes como Adão Iturrusgarai, Jean Galvão, Paulo Ramos, Laerte e Bennett. O que talvez faltasse já não é mais problema: publicou seu primeiro livro no final de agosto, Cócegas no Raciocínio, tiras, cartuns e outros delírios de João Montanaro.

O lançamento oficial teve festa digna de best seller no dia sete de agosto, na Livraria HQMix, em São Paulo. Esteve presente por quatro noites na 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo para noite de autógrafos e deu entrevista para mais de cinco jornais e TVs para falar do livro. Seria um menino prodígio? Talvez sim, mas ele não gosta muito do título. “Menino prodígio me incomoda, pois aparece e logo some”, declarou recentemente em entrevista o cartunista.

O maior motivo de suas entrevistas é óbvio: pouca idade e um senso critico bastante aguçado. João fala de política como se fosse leitor assíduo de jornal há anos. Novo demais para ser inteligente? E falar da idade não é um tema muito legal para discutir com Montanaro. “Prefiro que falem do meu trabalho, que eu sou novo eu já sei. Mas vou ter que lidar com isso por um tempo ainda, não é?”, diz aos risos.

O sentimento que permeia todas as tiras é sempre o mesmo: a irreverência e comédia diante de temas como política, economia, cultura, entre outras preferências do autor. As tiras não apresentam uma forte conexão em si, exceto pelo traço. Sobre a temática, sem preferências: “São diversos pensamentos sobre tudo o que o me rodeia e penso – dariam uma boa tira”, explica. E seu gosto pela política vem crescendo bastante, ganhando espaço tanto no livro como no blog. Detalhe: João é o mais jovem cartunista a assumir as charges políticas do jornal Folha de São Paulo. “Desenho o que estou afim no dia, e só. Se for sobre eleições, que seja”, explica João.

Desde a primeira entrevista para a Revista O Grito!, ainda como quase anônimo, João Montanaro não mudou muito seu estilo de ser. Divide escola, amigos e trabalho com boa dosagem. Toca guitarra e gosta de ler jornal, especialmente política. De conservador, leva só a aversão as redes sociais. “Não curto Orkut, essas coisas. De vez em quando Twitter, mais rápido. Não sei o porque, só não curto. Gosto é de fuçar blogs de quadrinistas e de cultura”, explica.

Desde que fez seu primeiro desenho, um Bob Esponja aos seis anos, pouca coisa mudou para o cartunista. Continua desenhando tudo à mão e depois colorindo com aqualera: “Não uso Photoshop porque só sei usar o básico do básico. Faço à mão e depois escaneio”, diz. Como divide seu tempo? Duas postagens por semana no blog, produz as tiras para a Folha aos sábados e o resto é estudo, que ele ainda está na escola.

CÓCEGAS NO RACIOCÍNIO
João Montanaro (texto e arte)
[Garimpo Editorial, 128 págs, R$ 34,90]