Mataram Marielle: livro sobre o assassinato da vereadora escancara o submundo do crime carioca

Ao desvelar uma intrincada rede de criminalidade, o livro mostra como muitos outros atos criminosos são derivados da execução de Marielle e Anderson

marielle2
Trecho da capa do livro que sai em novembro. (Divulgação)

No livro-reportagem Mataram Marielle, os jornalistas Chico Otavio e Vera Araújo revelam os bastidores da investigação da morte da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes. O lançamento é da editora Intrínseca, com previsão de chegada às livrarias em novembro.

Os autores mostram como este violento episódio, de impacto internacional, foi determinante para escancarar a atuação do crime na capital fluminense. Ao desvelar uma intrincada rede de criminalidade, o livro mostra como muitos outros atos criminosos são derivados da execução de Marielle e Anderson.

Repórteres experientes e testemunhas de longa data de várias investigações policiais na capital, Chico e Vera esmiuçaram a rede que movimenta o submundo carioca e seus múltiplos agentes. Traficantes, milicianos, torturadores egressos dos porões da ditadura, ex-policiais altamente treinados assumindo o papel de assassinos de aluguel, bicheiros e as disputas travadas entre eles estão por toda parte e povoam as páginas de Mataram Marielle.

O caso

Na noite de 14 de março de 2018, a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram mortos a tiros no Estácio, zona central da cidade do Rio de Janeiro. Liderança nascida e criada na favela, a quinta vereadora com mais votos no pleito em que foi eleita, Marielle era ao mesmo tempo assertiva e carismática em seus posicionamentos, fosse na defesa de moradores de áreas dominadas por milícias ou nas reivindicações ligadas às comunidades LGBTI+ e ao movimento negro.

marielle livro
untitled

Seu assassinato se tornou emblemático não somente por ser um claro ataque à democracia e às bandeiras defendidas pela parlamentar, mas também por ter marcado um novo patamar de atuação da criminalidade na cidade.

Mesmo sem dar uma resposta definitiva ao caso, as diversas linhas de investigação tomaram as manchetes dos jornais, foram amplamente discutidas nas redes sociais e colocaram holofotes sobre a estrutura do crime organizado carioca, suas áreas de atuação e práticas. Em meio aos debates sobre a federalização das investigações, o legado político de Marielle e a pressão da opinião pública por respostas, tornou-se cada vez mais clara a onipresença das organizações criminosas na cidade, suas redes internas e elos externos.