Melhores de 2014 – Top 50 Músicas do Ano

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UMA MÚSICA É UMA MÚSICA
As melhores faixas lançadas em 2014

Pela Equipe da Revista O Grito!

Por mais um ano, a Revista O Grito! une em uma mesma lista produções feitas no Brasil com aquelas gravadas no exterior. Acreditamos que desta forma podemos fazer um panorama mais completo na música pop no ano que passou. Como já é evidente, as publicações tradicionais dos EUA e Europa negligenciam sem dó bandas e artistas longe das esquinas conhecidas da música. Há algumas exceções, como a rádio NPR, mas em geral o olhar é bem reduzido ao Hemisfério Norte. Mas sabemos que há uma produção vasta a se descobrir não só por aqui, mas também entre nossos vizinhos.

No nosso Top 50 de faixas há coisas boas do Chile, França, Brasil, EUA, além de gêneros bem distintos, do hip hop ao chillwave, passando pela eletrônica feita no Pará e punk hardcore. E claro, o critério de inovação e relevância pautou a produção como um todo, não importando onde foi feita a faixa. Uma música é uma música.

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FUTURE com PUSHA T, PHARREL WILLIAMS e CASSINO – “Move That Dope”
[Honest]

O rapper Future se transformou em um dos nomes mais importantes do rap mainstream, seguindo um caminho oposto ao que os nomes mais interessantes do gênero buscam hoje, que é a inovação nas rimas e no formato. Mas ele segue fazendo o básico tão bem que acabou elevando o padrão do gênero como atesta essa “Move That Dope”, feita no estilo “gangue”, com versos de Pharrell e produção de seu frequente colaborador Mike Will Made It. – Paulo Floro.

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AZEALIA BANKS – “Gimme a Chance”
[Broke With Expensive Taste]

Depois de arengar com todo mundo e desafiar a paciência de quem a colocou em alta expectativa, Azealia Banks lançou seu aguardado primeiro disco de forma independente. A espera valeu a pena. A faixa “Gimme A Chance” comprova a confiança que Azealia tem em si mesma como astro pop. Ela se arrisca aqui em versos em espanhol e uma quebrada latina que poderia soar breguíssima, mas que só torna a música mais divertida e longe do convencional do rap. Uma outra versão da faixa fez parte da primeira mixtape da cantora, que saiu em 2008. – Paulo Floro.

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BENJAMIN CLEMENTINE – “Condolence”
[Condolence – Single]

Nascido na Inglaterra e radicado na França, o músico Benjamin Clementine é um dos novos nomes do pop a serem descobertos. Descendentes de ganeses que emigraram para a Europa ele foi morador de rua durante um período até conseguir mostrar seu talento em clubes de Paris. “Condolence” é a música que melhor representa seu estilo: interpretação dramática, algum fatalismo e muita performance tanto no palco quanto em estúdio. Com essa faixa ele ganhou comparações com Nina Simone e Antony Hegarty por conta de sua voz de tenor. O disco de estreia deve sair ano que vem. – Paulo Floro.

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DE LEVE – “Estalactite”
[Estalactite – EP]

De Leve é um dos rappers mais criativos que já saíram do Rio de Janeiro. Por isso o gênero perdeu bastante quando ele decidiu se afastar da música nos últimos cinco anos. Seu retorno se deu com esse EP onde ele expõe seu cotidiano e desafios para lidar com seu filho com autismo. É uma música ao mesmo tempo divertida e tocante pela intimidade que compartilha. Além disso tem o DNA de De Leve que seus fãs conhecem bem. – Paulo Floro.

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THIAGO PETHIT – “Rock’n’ Roll Sugar Darling”
[Rock’n Roll Sugar Darling]

Thiago Pethit perverte as estruturas do rock com o que autointitula “rock com açúcar e afetação”. Com letra em inglês e refrão em português, Pethit convida o ouvinte a provar os seus sabores e o seu sexo: “Doce como açúcar explode na sua boca / Vem chupar meu rock’n’roll”. A música muito mais que dar título ao seu disco coroa sua própria carreira colocando ele longe da cena “nova MPB” em que foi enquadrado logo que surgiu. – Fernando de Albuquerque.

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CRIOLO – “Duas de Cinco”
[Convoque Seu Buda]

Lançada no ano passado em um compacto, acompanhada de um curta-metragem, “Duas de Cinco” não foi deixada de lado por Criolo em seu “Convoque Seu Buda” e merece menção entre as melhores do ano. Utilizando um sampler de “Califórnia Azul”, de Rodrigo Campos, como refrão, a faixa pode ser interpretada como uma crítica contundente à estrutura social que alimenta a desigualdade através do descaso e da hipocrisia. – Renata Arruda.

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FKA TWIGS – “Video Girl”
[LP1]

Tahliah Debrett Barnett ou FKA twigs como é conhecida, se tornou a queridinha da cena pop independente por sua música cheia de desconstruções e uma audácia estética que serve para chamar atenção para o som. “Video Girl” lembra os tempos de Tahliah quando ela era apenas uma dançarina de videoclipes. A faixa se destaca pela produção meticulosa – outra característica marcante de FKA twigs – e pelo bom uso que faz da voz de notas altas da cantora. – Paulo Floro.

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KAROL CONKÁ – “Minha Lei”
[Minha Lei – Single]

A curitibana Karol Conká mostra porque é considerada um ícone no cenário do rap nacional neste single lançado este ano. Com os versos elaborados e debochados que remontam ao revanchismo típico rap old school, Karol esbanja autoridade e segurança de uma mulher madura que sabe onde está e onde quer chegar. É um convite ao ouvinte para se envolver por esse rap de muita personalidade de Karol Conká. – Josafá Santana.

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ANA TIJOUX – “Vengo”
[Vengo]

A rapper chilena Ana Tijoux fez de “Vengo” (que também batiza o disco) seu manifesto como artista: auto-estima latina, consciência de classe, valorização da mulher. Pra deixar o molho ainda mais saboroso, ela ainda traz elementos do cancioneiro local para dar mais autenticidade ao seu discurso. Com críticas ao pós-colonialismo em versos afiados, “Vengo” é uma das faixas mais emblemáticas do hip hop este ano. – Paulo Floro.

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WHITE LUNG – “Face Down”
[Deep Fantasy]

A banda de punk rock canadense White Lung conseguiu adicionar novos sabores à quintessência do gênero com esse terceiro disco, Deep Fantasy. “Face Down”, o single principal do trabalho, mostra o carisma da vocalista Mish Way e a coloca como uma das heroínas responsáveis por manter o rock perigoso e saboroso nesses dias atuais. Há pouca revelia em relação ao que já foi feito em décadas anteriores, mas o grupo consegue trabalhar bem em cima do conhecimento adquirido. – Paulo Floro.

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RUSSO PASSAPUSSO – “Paraquedas”
[Paraíso da Miragem]

O cantor Russo Passapusso do Baiana Sound System revelou-se como uma das maiores expectativas a sair do cenário alternativo brasileiro dos últimos anos. “Paraquedas” serve para comprovar o quanto podemos esperar bastante dele. Música que fica em uma encruzilhada rica entre o hip hop, samba, rock, tudo reforçado por uma produção que busca originalidade a partir de batidas de percussão orquestradas e um base roqueira que leva a faixa a um clímax. – Paulo Floro.

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HUNDRED WATERS – “Murmurs”
[The Moon Rang Like A Bell]

A suavidade com que a vocalista Nicole Miglis inicia a música “Murmurs” com o verso “I wish you”, sendo dito repetidas vezes, dá ao ouvinte a suavidade que irá encontrar ao longo dos próximos quase quatro minutos de duração da canção. Ao longo da música percebe-se a delicadeza com que a banda transita pelo folk, arranjos eletrônicos dos anos 70 e o dream pop dos 80. Entre a realidade e o cósmico Nicole nos guia para o transcendental revelando que há calmaria e sensatez no caos. – Fernando de Albuquerque.

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HELADO NEGRO – “Triangulate”
[Double Youth]

O multi-instrumentista Roberto Carlos Lange, baseado no Brooklyn, Nova York, usou suas memórias da infância para montar o seu disco Double Youth, lançado este ano. Filho de emigrantes equatorianos, em “Triangulate” ele cria uma faixa emotiva dentro do espectro do chillwave, mas com um sabor latino longe das obviedades. O grande domínio em mesclar bolero e outros ritmos oriundos de seu repertório musical pessoal às tendências da eletrônica atual é um dos maiores méritos do Helado Negro. – Paulo Floro.

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BANDA DO MAR – “Mais Ninguém”
[Banda do Mar]

Uma das canções mais cativantes do ano, “Mais Ninguém” traz Mallu Magalhães, Marcelo Camelo e Fred Ferreira em uma faixa alegre, que gruda feito chiclete e coloca todo mundo para dançar. Fica ainda mais deliciosa com o clipe. – Renata Arruda.

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ANGEL OLSEN – “Forgiven / Forgotten”
[Burn Your Fire For No Witness]

A cantora norte-americana Angel Olsen saiu de backing vocal de Bonnie “Prince” Billy para um dos nomes da renovação das vozes femininas do rock independente. Em seu segundo disco, Burn Your Fire For No Witness, lançado este ano, encontramos o hit “Forgiven / Forgotten”. Olsen tem um vigor em suas composições que fazem das faixas um misto de delicadeza e força reforçado por um instrumental muito bem trabalhado. – Paulo Floro.

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ARIANA GRANDE com IGGY AZALEA – “Problem”
[My Everything]

A jovem relevação do pop norte-americano este ano, Ariana Grande lançou “Problem” como single principal do seu disco lançado em agosto. A pegada grudenta e batidas aceleradas são complementadas pela participação da rapper Iggy Azelea. A parceria funciona muito bem, mas o destaque fica com arrebatador do saxofone aliado ao vocal poderoso de Ariana. É uma das faixas mais irresistíveis – e inevitáveis do ano – Josafá Santana.

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PATO FU – “Não Pare Pra Pensar”
[Não Pare Pra Pensar]

“Não pare para pensar” é o símbolo máximo de um grupo que retorna de vez para casa. A animação, a alegria com que a música é levada representa o sentimento de quem viajou para longe e está chegando bem perto de seu ninho novamente. E simboliza tudo isso que está na letra: “a noite calmamente falhou/ por oito horas bem que tentou me fazer mudar/ e acordar diferente/ outro tipo de gente/ só para variar”. O Pato Fu marca sua trajetória com a necessidade de dizer aos quatro ventos que nunca deixou de ser ele mesmo. – Fernando de Albuquerque.

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NAÇÃO ZUMBI – “Defeito Perfeito”
[Nação Zumbi]

Nação Zumbi fez no seu disco homônimo lançado este ano o que todos aguardávamos desde que anunciaram a produção do novo álbum. É mais um trabalho que reforça a personalidade do grupo. “Defeito Perfeito”, no entanto, aponta o desejo da Nação em melar os pés em outras searas que não aquelas em que já se dão tão bem. Encontramos ecos de heavy metal ancorados em uma levada percussiva poderosa. Mas também escutamos ecos de reggae e psicodelia, além de um refrão pegajoso que sinaliza para um entendimento do pop que a Nação Zumbi tem como poucos. – Paulo Floro.

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WILD BEASTS – “Mecca”
[Present Tense]

O Wild Beasts tem um modo muito particular de se expressar e vem reforçando isso a cada disco. “Mecca” usa o melhor do tom grave e anasalado da voz do líder da banda Hayden Thorpe imerso em um instrumental que varia entre o psicodélico e o rock orquestrado. A balada soa estranha dentro dos limites estreitos do rock alternativo onde a banda costuma trafegar. É uma música que se garante na sua estranheza e faz com que até o ouvinte calejado do cancioneiro indie se espante de alguma forma. – Paulo Floro.

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FAR FROM ALASKA – “Dino Vs Dino”
[modeHuman]

Na contramão da tediosamente proclamada “morte do rock”, o Far From Alaska chega com o pé na porta com “Dino Vs Dino”, faixa pesada que, apesar do apelo pop, não se preocupa em soar agradável ou fofinho, colocando o dedo na cara com o vocal poderoso de Emmily Barreto. – Renata Arruda.

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THE WAR ON DRUGS – “Red Eyes”
[Under The Pressure]

Dentro do folk-orquestra do The War On Drugs, a faixa “Red Eyes” é a mais pop do disco Under The Pressure, lançado este ano. Revitalizando a tradição indie-folk, a banda de Adam Granduciel fez um dos hits para figurar entre os clássicos do rock, mas sem sair muito do escopo que o gênero desenvolveu nos últimos anos. Seu mérito é criar um clima muito particular, nostálgico, melancólico e, sobretudo, solitário. – Paulo Floro.

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MAC DEMARCO – “Passing Out Pieces”
[Salad Days]

Em seu disco mais melódico, o mezzo-punk moderno Mac Demarco lançou petardos em cima do nonsense e do grotesco, buscando referências nos sonhos inacabados dos anos 1990. Ele reuniu o ideário hipster para compor músicas lo-fi com uma suposta despretensão. “Passing Out Pieces” é mais uma faixa que busca esse sentimento de estranheza “cool”. Rock lo-fi sem muita produção que deu certo e fez de Mac Demarco o “abestalhado” que venceu na vida. – Paulo Floro.

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PERFECT PUSSY – “Interference Pussy
[Say Yes To Love]

Meredith Graves, ao lado de Mish Way do White Lung e das meninas do Savages chega para reforçar uma visão importante do rock, o das mulheres. Se tradicionalmente o ponto de vista delas é pouco explorado no gênero, bons exemplos sempre surgem. O Perfect Pussy, a começar por seu nome provocativo, reforça a tradição da cidade de Syracuse, nos EUA, e traz boas ideias ao punk-rock. “Interference Pussy” é a faixa perfeita dentro do ideário evocado pelo hardcore: rapidez, zero firula na produção, peso e um tanto de raiva. – Paulo Floro.

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ARIEL PINK – “Put Your Number In My Phone”
[Pom Pom]

Se tiver alguém que ainda não engoliu a superestimação que é feito de Ariel Pink ele adicionou mais munição para críticas. O novo disco Pom Pom aprofunda ainda mais a psicodelia pop com letras nonsense que ele já trabalhava em sua banda, o Haunted Graffiti. “Put Your Number In My Phone” traz uma melodia delicada em cima da voz monótona de Ariel. A inovação aqui foi desconstruir a típica balada pop de formas rígidas criando uma narrativa que culmina em uma música de amor que soa estranha e familiar ao mesmo tempo. – Paulo Floro.

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BEYONCÉ – “Partition”
[Partition – Single]

Beyoncé exalta toda suas raízes afro com esse single que é parte do disco visual lançado pela cantora no final do ano passado. Explorando um batida que reverbera uma sensualidade aguçada, ela se oferece ao amante, levada ao embalo de estalados e vocais lascivos. O que há de legal nessa música é a quebra de ritmo e melodia, criando uma segunda parte totalmente independente e mais cativante. – Josafá Santana.

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KENDRICK LAMAR – “i”
[i – Single]

Depois de chamar atenção com sua narrativa melancólica sobre sua infância no clássico good kid, m.A.A.d city Kendrick Lamar aponta que superou a fase das reminescências sobre seu passado para compor um disco com mais suingue, e por que não, alegre. “i” traz sampler dos Isley Brothers’, “That Lady e é o primeiro single do aguardado terceiro álbum, que deve sair em algum momento de 2015. – Paulo Floro.

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CARIBOU – “Can’t Do Without You”
[Our Love]

O canadense Dan Snaith já provou ser um dos nomes mais inventivos da eletrônica a surgir nos últimos anos. Em seu novo disco ele decidiu desacelerar nas invencionisses para criar um disco bem mais acessível. “Can’t Do Without You” com sua repetição e seu som hipnótico cria um ambiente imersivo que soa convidativo, sem dificuldade para qualquer ouvinte, mesmo àqueles pouco familiarizados com o Caribou. A faixa tem uma narrativa que vai em um crescendo até culminar em uma orquestra de batidas que provam que Snaith também se garante na produção. – Paulo Floro.

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SHARON VAN ETTEN – “Your Love Is Killing Me”
[Are We There]

A norte-americana Sharon Van Etten fez um disco incrivelmente emotivo e pessoal, Are We There. Seu maior mérito é nos conectar com esses anseios particulares através de uma interpretação que cria empatia quase instantânea com o ouvinte. A dolorida “Your Love Is Killing Me” traz uma narrativa chorosa que convida a uma superação ao final. É um dos momentos mais belos do rock este ano e é gratificante quando vemos uma artista conseguir se comunicar tão bem a ponto de encontrar pontos comuns com quem ouve. – Paulo Floro.

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SYLVIAN ESSO – “Hey Mami

Formada por Meath e Sanborn, essa banda prova que menos é mais. Com essa composição que, aparentemente, soa como simplória, a dupla corrobora que a experimentação musical é um terreno fértil e muito bem vindo. O legal dessa música é a forma despretensiosa com a qual ela é apresentada. – Josafá Santana.

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JALOO – “Downtown”
[Insight – EP]

A inovação do pop brasileiro hoje, com certeza, está no Pará. É só a quantidade de coisas boas e realmente novas – que saem de lá. Jaloo é um dos representantes deste bom momento. Misturando música eletrônica com as cores e sabores típicas de Belém ele cria um entendimento muito próprio da música eletrônica. “Downtown”, que faz parte do EP lançado este ano, mostra um artista com visão, interessado em criar um som universal, mas com personalidade. Para ficar de ouvido aberto pra ele. – Paulo Floro.

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LYKKE LI – “No Rest For The Wicked”
[No Rest For The Wicked]

Lykke Li, sempre certeira com músicas reflexivas e introspectivas, lançou “No Rest For The Wicked” dentro de sua zona de segurança e não podia ser diferente: uma balada emocionante que narra a solidão e angústia de um coração partido. De uma forma geral, essa canção não foge do universo musical da cantora, porém destaca-se pelo esmero com a harmonia e arranjos que corroboram para uma obra bem elaborada. – Josafá Santana.

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PERFUME GENIUS – “Queen”
[Too Bright]

O primeiro single de Too Bright, lançado em setembro, “Queen” é uma balada tipicamente indie rock que evolui de forma dramática e contrita. Com uma letra audaciosa e que traz gírias gays “No family is safe when I sashay”, Perfume Genius mostra influências dos clubes nova iorquinos e, de quebra, ainda remonta mais uma vez ao universo drag queen no clipe dessa música. – Josafá Santana.

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JAMIE xx – “All Under One Roof Raving”
[All Under One Roof Raving – Single]

O que há de mais maravilhoso nesse single de Jamie xx é o modo como ele homenageou a cena rave inglesa e ao mesmo tempo reforçou ainda mais seu estilo único dentro da eletrônica: batidas secas, construção incrivelmente detalhista e muito, mas muito peso nas baterias. Ele fez uma colagem de frases de séries de TV, filmes e fitas antigas para criar um clima de forte sotaque inglês em cima do fiapo de letra que martela “we kept it UK”. De quebra, a faixa traz ainda uma surpresa ao final. – Paulo Floro.

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ALVVAYS – “Party Police”
[Alvvays]

O quarteto canadense Alvvays estreou este ano para fisgar todo mundo pela nostalgia indie. O que eles fazem é se atracar no núcleo duro do cancioneiro pop independente acumulado desde os anos 1980. “Party Police” parece com tantas coisas que já ouvimos antes, mas feito de uma maneira que soa tão verdadeira, que é impossível não se sentir confortável nesse terreno. Ponto para a estratégia deles. O disco inteiro segue sem se arriscar, mas conta com hits instantâneos como esse. É o velho ‘difícil julgá-los, tão fácil amá-los’. – Paulo Floro.

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SHABAZZ PALACES – “They Come In Gold”
[Lese Majesty]

É fácil reconhecer o Shabazz Palaces dentro do hip hop: opulência e busca por experimentação a todo custo marcam o trabalho do grupo. “They Come In Gold” reforça a sonoridade da banda, sempre tropeçando no que há de mais arriscado na produção do rap (nem sempre acertam). Longe de ser um som fácil, o trabalho deles é marcado por um trabalho muito imersivo que busca hipnotizar o ouvinte às primeiras batidas. Faz parte da graça em ouvir a banda a tentativa de compreender aonde eles querem chegar. – Paulo Floro.

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15
MOMBOJÓ – “Rebuliço”
[Alexandre]

Os pernambucanos do Mombojó seguiram com o novo disco Alexandre a missão de inovar o rock feito no Brasil. É uma missão bonita e dá gosto de ver que eles acertaram mais uma vez no intento. “Rebuliço” é a faixa mais interessante do álbum e traz um mix de referências que soa bem coesa dentro da aparente “bagunça” que é a faixa. Eletrônico sacolejante, rock experimental e ao final, um pop irresistível. Ponto pra eles. – Paulo Floro.

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OWEN PALLETT – “A Song For Five & Six”
[In Conflict]

Owen Pallett, o nome por trás do interessante projeto Final Fantasy, decidiu explorar ainda mais seu labirinto pessoal de referência no seu disco In Conflict, assinado com seu nome de batismo. Sem se esconder em um conceito, ele soou mais pessoal como nunca foi em sua carreira. O resultado foram faixas como essa “A Song For Five & Six”, que soam mais emotivas que seus trabalhos anteriores. O que se destaca aqui é a voz de Pallett, uma das mais afinadas do indie e capazes de alcançar diferentes tons para defender a interpretação da música. – Paulo Floro.

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13
ALESSANDRA LEÃO – “Mofo”
[Pedra de Sal – EP]

Alessandra Leão é parte de um momento interessante vivido hoje no Recife, onde artistas de diferentes estilos se lançam a problematizar o estado atual da cidade, cercada por uma especulação imobiliária predatória e forçada a defender sua própria memória contra um grupo político e econômico interessado na destruição de um patrimônio coletivo. Em “Mofo”, Alessandra canta um tempo em que vivemos isolados “na janela do trigésimo andar”, sem amor, sem calor. A música tem um tom tenso, com batidas que apontam a uma vanguarda estética pouco explorada no som recifense atual. – Paulo Floro.

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12
PANDA BEAR – “Mr. Noah”
[Mr. Noah – EP]

A princípio, “Mr. Noah” soa confusa, mas a repetição instrumental e silábica colaboram para a construção desse rock experimental grudento e pertinente. Vale salientar a astúcia de Noah Lennox que, junto com a sua banda Animal Collective, é um dos nomes mais inovadores da música pop atual. “Mr. Noah” trata da uma narrativa patrocinada por ácido, na qual fica evidente a ‘bad trip’ retatada naquelas sílabas incansavelmente repetidas e só então a confusão é compreendida. – Josafá Santana.

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11
ST. VINCENT – “Digital Witness”
[St. Vincent]

Guitarrista excepcional e parte do time inovador do pop, Annie Clark, o nome por trás do St. Vincent fez de “Digital Witness” um trabalho meticuloso de rock de vanguarda aliado ao apelo irresistível do refrão-estrofe-refrão. Em uma vibe menos opulenta e mais divertida, Annie se permitiu ser mais acessível para abocanhar um merecido espaço entre um público mais heterogêneo. – Paulo Floro.

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10
WARPAINT – “Love Is To Die”
[Warpaint]

As garotas do Warpaint sabem como criar faixas com clima, sejam baladas melancólicas como essa “Love Is To Die”, sejam outras mais agressivas presentes no ótimo disco homônimo lançado no início deste ano. A delicadeza dos vocais se dão bem com o instrumental complexo, cheio de camadas desta música, que acabou ficando bem conhecida ao ser inserida nos créditos finais de um dos episódios da série House Of Cards, da Netflix. A faixa teve produção de Flood, produtor conhecido por criar clássicos do indie-rock, de Smashing Pumpkins a Nick Cave. – Paulo Floro.

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09
FLYING LOTUS com KENDRICK LAMAR – “Never Catch Me”
[You’re Dead]

Em seu disco mais acessível, o Flying Lotus incluiu momentos como essa irresistível “Never Catch Me” com participação de Kendrick Lamar. Dançante e apressada, a faixa é o clímax de uma sequência de quatro faixas de You’re Dead, álbum que trata da morte em seus diversos aspectos. A letra discorre sobre alguém que foge da morte a todo custo, mas que ao final precisa mesmo é lidar com seus demônios internos. A faixa é menos dispersiva do que conhecemos do Flying Lotus, conhecido por apontar a várias direções, como jazz, soul, house e hip hop. – Paulo Floro.

08
LUCAS SANTTANA – “Partículas de Amor”
[Sobre Dias e Noites]

Firmando-se como um dos grandes nomes da música brasileira atual, Lucas Santtana lançou seu sexto disco em 2014. “Partículas de Amor” é uma música que conquista por dois simples motivos: a doçura e leveza da letra, recheada de fofura; e a forma descontraída e alegre que ele conduz os arranjos, resultando numa canção que explora as cordas do violão e versos melódicos. Lucas é peça importante no cenário atual que busca apontar para novos caminhos no pop BR. – Josafá Santana.

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07
RÖYKSOPP com ROBYN – “Monument”
[Do It Again & Monument – EP]

Uma das parcerias mais celebradas do ano, os noruegueses da Röyksopp e a sueca Robyn, lançaram um trabalho que reforça a música eletrônica como um dos cenários mais abertos e inovadores. “Monument” une o preciosismo da produção da banda com a experiência de Robyn para chamar atenção para uma boa canção O resultado é uma faixa que trz o equilíbrio entre ousadia na experimentação estética com o apelo de uma música pop bem feita e atemporal. – Josafá Santana.

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06
FKA TWIGS – “Two Weeks”
[LP1]

Com certeza, uma das melhores surpresas de 2014 ficou por conta dessa inglesa. Tahliah Debrett Barnett, conhecida pelo nome artítico FKA Twigs, vem conquistando notoriedade por sua música experimental que busca avançar por terrenos pouco explorados. Com vocais extremamente sussurrados, ela consegue experimentar novas densidades musicais e elaborar boas melodias, tudo embalado por uma produção meticulosa. “Two Weeks” destaca-se como uma das melhores faixas de LP1, o trabalho de estreia que saiu este ano. Nela, FKA Twigs explora notas agudas, o que contrasta com o uso de palavrões e insultos. – Josafá Santana.

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05
FREDDIE GIBBS & MADLIB – “Thuggin'”
[Piñata]

Em 2014 poucos discos de hip hop foram tão inventivos quanto “Piñata”, de Freddie Gibbs e Madlib. “Thuggin’” é uma das melhores faixas do álbum, que prima o tempo inteiro por uma desconstrução e busca por batidas e “insights” que tornam a audição cheia de referências. A música aborda um dos temas mais caros ao hip hop, o gangsterismo e a vida nas ruas, mas busca novos caminhos para explorar uma temática já cansada. Já Madlib criou uma dos instrumentais mais bonitos já feitos no rap recente. – Paulo Floro.

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04
FUTURE ISLANDS – “Seasons (Waiting For You)”
[Singles]

Depois de um hiato de três anos, o Future Islands presenteou o público em 2014 com seu disco Singles. Mantendo a marca de indie rock e synthpop, essa música apresenta-se quase como uma prece e traz, logo na introdução, um quê dos anos 80. Mesmo com essa influência, a banda, que surgiu na Universidade de Carolina do Leste, entrega uma canção contemporânea e uma das mais vibrantes do ano. Os vocais cativantes merecem destaque pela boa performance de Samuel T. Herring, o frontman mais hipnótico no palco hoje. – Josafá Santana.

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03
SIA – “Chandelier”
[1000 Forms Of Fear]

Em termos de sucesso, essa música já pode ser considerada a marca do ano de 2014. A veterana Sia conquistou o público com a empolgante e grudenta “Chandelier”. Evocando a celebração da vida através da bebedeira e destemor alcoólico, essa canção agradou e está presente em todas as baladas. Apenas uma ressalva para a ressaca moral que está presente na vida da autora e da nossa. Afinal, quem não se pegou cantando “I gonna swing from the chandelieeeeer…”? O ano que passou corrigiu uma injustiça contra Sia, que compôs diversos hits para cantoras, mas ainda não tinha estourado como estrela solo. – Josafá Santana.

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02
RUN THE JEWELS com ZACK DE LA ROCHA – “Close Your Eyes (And Count To Fuck)
[Run The Jewels 2]

“Close Your Eyes (And Count To Fuck)” é o manifesto do Run The Jewels. A faixa raivosa se baseia em uma base com batidas violentas cadenciadas em uma frase dita por Zack De La Rocha, repetida à exaustão. A dupla mais interessante no hip hop hoje dispara em diferentes frentes para criticar a vida capitalista e suas controvérsias, seja na moda, no excesso de vigilância, violência policial, religião e racismo. A presença de De La Rocha, ex-Rage Against The Machine, fez todo o sentido aqui. Ele que fez parte de uma das bandas mais militantes a surgir no rock na década passada. Pra completar, toda a parte conceitual da música é reforçada por uma estrutura arriscada para um rap, com uma produção eletrônica cheia de peso, com ecos de rock industrial. – Paulo Floro.

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Foto: Divulgação.

01
CRIOLO – “Convoque Seu Buda”
[Convoque Seu Buda]

“É humilhação demais que não cabe nesse refrão”. Em “Convoque Seu Buda” Criolo traz ao seu discurso um balaio de assuntos que tentam problematizar assuntos recentes do Brasil. Sua rima surge como uma espécie de apaziguador no panorama de problemas do Brasil, um messias para uma massa de seguidores que o enxergam o rapper como voz reveladora de um Brasil rico, mas ainda cheio de injustiça social. À luz de uma análise do pop nacional, Criolo é muito mais do que essa visão messiânica que ele tem de si mesmo. É o ponto de curva de uma música popular que tenta criar um nova seara criativa que se afasta das referências acumuladas em anos de MPB.

O entendimento que Criolo tem do seu papel dentro do cenário atual é o que lhe permite explorar diversos gêneros para compor seu cancioneiro: reggae, afrobeat, samba. Tudo pode servir de base para que o músico vocifere sua crítica ácida ao que considera falhas no sistema. Se por um lado ele ouve críticas de que canta a um outro público que o adotou, por outro ele consegue ser ouvido por uma camada da população que sempre foi alheia ao cotidiano das periferias. Mas o fato de ser o mais relevante na música em 2014 é seu carisma de se assumir como representante do novo no pop BR. “Convoque Seu Buda”, com todas suas pequenas imperfeições, é a cara de uma música brasileira que tenta uma reinvenção, mas ainda quer se manter popular. – Paulo Floro.

Abaixo, nossa playlist no Deezer, com mais de três horas de música: