+ Música: Zola Jesus, WhoMadeWho

sbr018 frontZOLA JESUS
New Amsterdam
[Sacred Bonés, 2009]

Difícil não formar uma imagem visual e sonora de PJ Harvey no início de carreira após ouvir os primeiros minutos de New Amsterdam, disco do Zola Jesus, nome artístico da cantora norte-americana Nila Roza Danilova. Longe de parecer reducionismo crítico, esta comparação faz muito bem à moça, que no ano passado recebeu diversos elogios da imprensa indie da Inglaterra e EUA. Enquanto seus vocais se aproximam de uma PJ histriônica e punk (ápice na segunda metade dos anos 1990), a indumentária de sua música é muito mais tenebrosa: teclados com distorção, guitarras, barulhos incômodos, e um clima fantasmagórico que perpassa todo o álbum. Para criar esta sensação de desolação, Danilova utiliza um amontoado de subterfúgios que se voltam contra ela. Se músicas como “New Amsterdam” ou “Last Days” impressionam pela experimentação vocal e arranjos que chegam a assustar, o resto do disco se torna cansativo, com uso repetitivo de voz ecoada. Parece um trem fantasma caindo as pedaços, com clientes achando graça da tentativa de do parque em dar um susto. Com boas críticas a seus dois singles lançados até aqui, Zola Jesus segue em turnê pelos EUA até junho. Mas este CD-R enviado à imprensa e blogs gringos mostra que ela passou de perturbadora a irritante. Ao menos a comparação com PJ Harvey se foi. [PF]

NOTA: 4,0

ft whomadewho theplot hlckWHOMADEWHO
The Plot
[Gomma, 2009]

O trio dinamarquês WhoMadeWho lança seu terceiro disco apostando na velha mistura de rock e dance music, caminho aberto com êxito por bandas como Franz Ferdinand e Klaxons. Chama atenção aqui uma série de gracejos que denotam a criatividade do grupo. Já na faixa de abertura, “TV Friend”, uma linha de baixo serve de guia para um vocal empostado, quase brega, que remete aos anos 1970. Trata-se de um hit grudento, feito para as pistas, mas com muito bom humor. O principal responsável é o líder Thomas Hoffding. The Plot traz sofisticação à referências gastas como a psicodelia dos anos 1960 e o stoner rock setentista. O resultado é um disco diversificado, um caldo coeso de canções que vão do niilismo dance às baladas roqueiras, como “Ode To Joy”, o novo single, passando por brincadeiras eletrônicas, como repetir uma base indefinidamente até soar ridículo (“I Lost My Voice”). O grupo ganhou destaque no pop internacional após serem headliners do festival de Benicassim, em 2007, no lugar dos Klaxons, que não apareceram. Tocando para 40 mil pessoas, deram conta do recado, mesmo com apenas um disco na bagagem e quase desconhecidos. Este álbum aproveita esse golpe de sorte, e mostra as boas ideias do WhoMadeWho, que acabam de excursionar com o Hot Chip. Escalados para festivais de verão da Europa, desta vez irão figurar no cenário pop como aposta e não mais uma surpresa. [PF]

NOTA: 8,0

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