Numismata | Chorume

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Disco do Numismata funciona como mapa do que melhor tem sido produzido em São Paulo
Por Lívio Paes Vilela, colaboração para a Revista O Grito!, do Rio de Janeiro

NUMISMATA
Chorume
[Independente, 2009]

Ah, São Paulo. Devem estar certos os que te fizeram casa e musa nesse fim de década, mesmo com tanta coisa boa rolando por outras bandas. Com Romulos, Céus, ursões, Catatais e seus cérebros eletrônicos e racionais, poucas vezes em sua história parece ter estado tão bem musicalmente como nos últimos anos. Até teu Chorume cantado pelo Numismata soa belo e instigante como nenhum outro.

Com o perdão dos trocadilhos, falo diretamente para e sobre São Paulo, pois é ela, a cidade e a sua música, o eixo em volta do qual circulam as 10 faixas do segundo álbum do Numismata. O sexteto – Adalberto Rabelo (guitarra e voz de apoio), André Vilela (guitarra e voz de apoio), Carlos H. (baixo), Carlos Russo (voz de apoio e percussão), Felipe Veiga (bateria e percussão) e Piero Damiani (voz e teclado) – já tem história na atual cena paulistana, tendo lançado seu primeiro álbum, Brazilians On The Moon, quando esta ainda começava a dar seus primeiros frutos, em 2003.

Chorume poderia assim ser perfeitamente usado como mapa para um neófito aos sons que têm sido produzidos na maior cidade do Brasil, já que o longos dos seus quase quarenta minutos de duração, a banda faz do disco uma trip pelos vários gêneros que saem das guitarras, violões e vozes de São Paulo. O que espanta é a banda se sair bem que quase todos os momentos, que vão da psicodelia épica da faixa de abertura “Todo O Céu E Essas Pequenas Coisas” (que podia ser, por exemplo, do Seychelles ou de um Cérebro Eletrônico mais sério) ao samba rasgado de “Anhanguera” (que, por sua vez, não destoaria no primeiro disco do Romulo Fróes), do rock de “Naïf” à marchinha “A Vida Como Ela É”.

Essa característica agregadora é reforçada pela maneira como as diversas participações aparecem no disco. Sem nunca soarem forçados ou ocasionais, os convidados – Maria Alcina, Tatá Aeroplano, Rita Maria, Kassin, Carlos Fernando do Nouvelle Cuisine – simplesmente se misturam ao som da banda, como melhor exemplifica o carioquíssimo Luiz Melodia, mais do que confortável na sensacional “Prejuízo”, um samba-rock suingado com guitarra de Thadeu Meneghini do Banzé.

NOTA: 8,0

Lívio Paes Vilela é jornalista e editor do blog Bloody Pop