O Pequeno Segredo é escolhido representante do Brasil a uma indicação ao Oscar. Aquarius foi preterido

opequenosegredo
Cena de O Pequeno Segredo. (Divulgação).
Cena de O Pequeno Segredo. (Divulgação).
Cena de O Pequeno Segredo. (Divulgação).

O filme O Pequeno Segredo, de David Schurmann, foi o escolhido como representante do Brasil na disputa por uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2017. Aquarius, de Kléber Mendonça Filho, foi preterido apesar de ser o longa nacional com a maior repercussão internacional até agora.

Segundo o produtor Beto Rodrigues, que fez parte da seleção do Ministério da Cultura que escolheu o representante, a decisão foi pautada em dois critérios. A primeira foi a qualidade técnica e a segunda a chance do longa “seduzir” os jurados norte-americanos.

“Além dos critérios óbvios – técnicos e artísticos – existia também um pensamento de tentar escolher um filme que chegasse nos americanos e tivesse mais chance de agradar”, ressaltou Rodrigues, que falou como porta-voz, na ausência do presidente da comissão, o cineasta Bruno Barreto. Ao todo 16 filmes estavam concorrendo a uma vaga.

Com roteiro de Marcos Bernstein, o filme conta a história da família Schurmann, que vive ao redor do mundo a bordo de um veleiro, e tem suas vidas transformadas ao receber a menina órfã Kat. O diretor, David Schurmann, é o filho do meio da família Schurmann e já dirigiu filmes e séries para TV.

Aquarius, apesar da repercussão internacional, ficou de fora. (Divulgação).
Aquarius, apesar da repercussão internacional, ficou de fora. (Divulgação).

Comissão controversa

A seleção que escolheu o longa foi envolta em polêmica. Um dos integrantes da comissão foi Marcos Petrucelli, nome que fez duras críticas à Aquarius nas redes sociais e imprensa antes mesmo de assistir ao filme. Aquarius foi selecionado para a Seleção Oficial do Festival de Cannes, o mais prestigiado do mundo, e recebeu críticas elogiosas no exterior. A equipe do longa fez um protesto no tapete vermelho em Cannes contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Petrucelli havia feito duras críticas ao protesto do diretor Kleber Mendonça e atores do filme Aquarius, durante o Festival de Cinema de Cannes, na França, em maio. Ao subir ao tapete vermelho, a equipe exibiu cartazes com frases como: “Um golpe de Estado ocorreu no Brasil”, “Brasil vive um golpe de Estado”, “O mundo não pode aceitar um governo ilegítimo” e “54.501.118 de votos queimados!”. Petrucelli, considerou a manifestação da equipe de Aquarius uma “bela estratégia para aparecer para o mundo”.

Petrucelli justificou a escolha de O Pequeno Segredo. “O Aquarius ganha essa projeção nos Estados Unidos porque é um filme já visto, ele passou no festival de Cannes”, disse ao lembrar que O Pequeno Segredo ainda não foi lançado comercialmente. Em protesto contra a presença de Petrucelli na comissão cineastas como Anna Muylaert (Mãe Só Há Uma) e Gabriel Mascaro (Boi Neon) retiraram seus longas da disputa.

“É lamentável que o Ministério da Cultura, por meio da Secretaria do Audiovisual, endosse na comissão de seleção um membro que se comportou de forma irresponsável e pouco profissional”, dizia o comunicado divulgado no último dia 24 de agosto nas redes sociais.

A equipe de Boi Neon também defendeu os méritos da outra produção. “Aquarius foi o único filme latino-americano na competição oficial de Cannes, tendo sido aclamado pela crítica internacional. Diante da gravidade da situação e contrários à criação de precedentes desta ordem, registramos nosso desconforto em participar de um processo seletivo de imparcialidade questionável”, acrescenta a nota publicada na ocasião.

A atriz Ingra Liberato e o diretor Guilherme Fiuza deixaram a comissão responsável pela escolha do representante brasileiro no Oscar antes do início do processo de seleção. Ingra divulgou um comunicado nas redes sociais em que também dizia que a comissão tinha “sua legitimidade questionada por grande parte da classe artística”. Fiuza alegou motivos pessoais para não participar da seleção. Eles foram substituídos pelo cineasta Bruno Barreto e pela atriz e realizadora Carla Camurati. [Com informações da EBC]