O possível fim do FIQ, o maior festival de quadrinhos do Brasil

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Edição de 2015 e seus estandes e e meas lotadas. (Divulgação)
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Edição de 2015 e seus estandes e e meas lotadas. (Divulgação)

O Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), em Belo Horizonte, é o mais importante evento do gênero na América Latina. Na última edição em 2015 o público chegou a 78 mil pessoas, além de centenas de lançamentos de quadrinhos nacionais e internacionais.

Perto de completar 20 anos em 2017, o festival corre o risco de ser cancelado. Tudo por causa de um corte da prefeitura de BH, que eliminou o evento da revisão orçamentária da Fundação Municipal de Cultura (FMC) da Lei do Orçamento Anual de 2017. A notícia foi dada pelo jornalista Paulo Ramos em seu Facebook. Apesar de constar como parte do calendário de eventos da cidade o FIQ não foi incluído na relação de eventos a serem custeados pelo município. Outros festivais como a Virada Cultural de BH e o Festival de Arte Negra (FAN) também ficaram sem patrocínio.

Daniel Werneck, um dos curadores, disse no Facebook que a chance do FIQ acontecer é remota. Apenas a contribuição da prefeitura de BH ao orçamento do festival é algo em torno dos 900 mil reais, isso sem falar em patrocínios externos. Ou seja, outras alternativas de custeio, como crowdfunding, são inviáveis no momento. “Ou seja, teoricamente, se aparecesse um dinheiro milagroso na prefeitura, poderia haver evento. Eu já vi milagres acontecerem antes no FIQ, mas nada nessa escala. Acho impossível acontecer”, escreveu.

O possível fim do FIQ pegou todos de surpresa e levou a diversas manifestações na internet pela manutenção do apoio da prefeitura ao festival. Já são quase mil comentários de internautas na fanpage da prefeitura, em sua maioria quadrinistas, jornalistas e profissionais ligados à área dos quadrinhos. Lucas Ed, do Melhores do Mundo, explica bem os meandros políticos que se descortinam nessa história do FIQ.

Leônidas Oliveira, então presidente da FMC, pediu exoneração do cargo afirmando que se dedicaria a um pós-doutorado no exterior. Sua atuação na fundação era elogiada por produtores culturais e classe artística. Sua saída coincide com a promessa do prefeito Alexandre Kalil em transformar a FMC em uma pasta, a Secretaria Municipal da Cultura. A expectativa é que isso traga uma presença maior do município na gestão cultural e maior controle dos equipamentos públicos.

O possível fim do FIQ é bem grave, pois mostra uma visão estreita da importância das políticas culturais para a cultura. Arte com mais de um século de história, os quadrinhos vivem um dos períodos mais criativos e produtivos de sua história e Belo Horizonte tornou-se ao mesmo tempo motor e holofote desse momento.

A reação a favor do FIQ já começou: uma campanha de crowdfunding planeja arrecadar dinheiro para a criação de um vídeo que conte a importância do evento. Um grupo de cerca de 20 pessoas se reuniram no último sábado (8), no Palácio das Artes, em BH, para discutir o assunto. Pessoas de Minas Gerais ligadas aos quadrinhos irão redigir um manifesto contra o corte de verbas que será apresentado em uma reunião com a Fundação Municipal de Cultural, ainda sem data.

Não conseguimos contato com a FMC até o fechamento deste post. Assim que tivermos qualquer retorno, atualizaremos o post. Veja aqui a nossa cobertura do FIQ de 2015. [Via PauloRamos, TerraZero e MdM]

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Maurício de Sousa apresentou os novos Graphic MSP ao lado de Bianca Pinheiro. (Divulgação).