O Que eu descobri – Dan Costa e a brasilidade na música instrumental

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Legado e patrimônio de todos os povos, as sonoridades têm o poder de nos irmanar e reduzir distâncias entre nações. Promove intercâmbios enriquecedores e diálogos cada vez mais constantes num mundo pós-moderno e globalizado com os novos processos de distribuição e conteúdos e plataformas.

É nesse contexto que o pianista inglês Dan Costa, filho de pai português e mãe italiana, nos apresenta sua primeira obra, Suíte Três Rios. Ode ao Brasil, o disco foi gravado em 2015 e apresenta oito composições inéditas autorais, inspiradas sobretudo pelo período em que morou no Brasil, entre 2012 e 2013. Disponível nas principais plataformas digitais como ITunes e Amazon, a obra traz participações mais do que especiais de Leila Pinheiro, Jaques Morelembaum, Teco Cardoso e Marcos Suzano.

Na bagagem, Dan Costa traz uma formação sólida de anos de estudo na Académie de Musique Rainier III (França) e em países como Suíça, Reino Unido e Portugal, até que ganhou uma bolsa de estudos na Unicamp. Apesar de ter tido contato desde sempre com a música brasileira em sua casa em referências como Tom Jobim, foi nesse período que ele pôde perscrutar o mundo popular e erudito de artistas como Villa-Lobos e Radamés Gnatalli.

Neste contexto, o disco de Costa se torna uma obra mais ampla ao se mostrar um passeio de Norte a Sul do país ao reverenciar ritmos como o choro, o samba, o baião, a Bossa Nova e o maracatu, entre outros. Ele revela que a música brasileira sempre esteve muito presente em sua vida. “Foi um prazer poder contar com a participação de Leila Pinheiro, cantora que sigo desde tenra idade e cuja expressividade vocal marca o único tema cantado”, ressalta.

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O tema do samba ganha aqui um leve sotaque de gafieira e as faixas como um todo são sempre permeadas por uma bateria sincopada que marca bem as divisões rítmicas, de forma a respeitar um piano suave que não assume necessariamente o protagonismo das canções, mas cujos arranjos harmoniosos criam espaços para todos os instrumentos presentes, sem sobras. Ou arestas. Destaque para ‘Alba’, faixa com Jaques Morelebaum na qual notas longas introduzem uma conversa de contrastes com o sax e o violino (que, às vezes, remete ao Trenzinho Caipira).

De minha parte posso lá dizer que muito me agrada a perspectiva do outro sobre nós mesmos e creio que a música brasileira é sempre muito feliz sob estes prismas. Vou citar aqui apenas quatro discos que me são muito caros: Stan Getz e João Gilberto (Getz & Gilberto, de 1964) Stan Getz e Charlie Bird ( Jazz Samba ), Dizzie Gillespie no Brasil com Trio Mocotó e, mais recentemente ando ouvindo uma linda releitura do pianista inglês George Shearing (Bossa Nova, 1962).

Para conhecer mais de Dan Costa, seu site.

Ouça “Alba”