paper girls
Paper Girls/ Divulgação

Paper Girls discute as dores de crescer através de uma aventura épica pelo tempo

Baseado em HQ homônima, a série é uma história energizante e genuína sobre amadurecimento

Paper Girls discute as dores de crescer através de uma aventura épica pelo tempo
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Paper Girls
Criada por Stephany Folsom
EUA, 2022, 16 anos. Série em oito episódios.
Com Riley Lai Nelet, Sofia Rosinsky e Fina Strazza
Disponível no Prime Video

O gênero de ficção científica sempre possuiu seus fiéis admiradores, mas pode-se dizer que com a estreia da série Stranger Things, em 2016, esse tipo de filme e série ganhou uma nova cara e provou ser capaz de conquistar um público gigante e se tornar mainstream.

Talvez por esse sucesso, muitas produtoras e distribuidoras passaram a apostar mais em obras fantásticas e complexas, com monstros, aventuras e referências à cultura pop, como é o caso da Prime Video, que lançou a nova série Paper Girls. Apesar da comparação quase automática, até pelo ponto de vista mercadológico, esta nova série é bem diferente – e até melhor – que o seriado de Eleven e companhia.

Baseado nos quadrinhos homônimos do escritor Brian K. Vaughan e do ilustrador Cliff Chiang, a série conta com oito episódios que narram a jornada de amadurecimento e auto descoberta de um grupo de meninas pré-adolescentes em meio a uma aventura sem precedentes de viagem no tempo e combate.

São justamente as quatro protagonistas que carregam o melhor que a produção tem para oferecer. Com uma visão ainda destreinada sobre o mundo e suas realidades, Erin Tieng (Riley Lai Nelet), Mac Coyle (Sofia Rosinsky), Tiffany Quilkin (Camryn Jones) e KJ Brandman (Fina Strazza) se conhecem apenas no primeiro episódio da trama e a priori, se unem na noite depois do Halloween para ajudarem uma a outra a realizar as entregas dos jornais.

A partir dessa cumplicidade rasa inicialmente, as quatro pré-adolescentes se veem envoltas em viagens no tempo, voltando para o passado e viajando para o futuro enquanto criam uma amizade de forma genuína e gradual e passam por experiências boas e ruins ligadas ao amadurecer. As estrelas da série se encaixam muito bem nos personagens que interpretam e tornam toda a história mais pessoal com as atuações.

No futuro, as jovens se deparam com versões de si mesmas mais velhas e tudo isso, apesar de criar um clima tenso e esperançoso em salvar o mundo, escancara as questões humanas com maior maestria. Em diálogos bem escritos, a aventura de tentar voltar para casa e para os anos 90, de onde vieram, é camuflado pelo genuíno desenvolver de amadurecimento das personagens.

A obra foi roteirizada, diferente da HQ, por uma mulher, a Stephany Folsom e isso também parece ter sido um acerto para a produção. A escritora foi capaz de captar os anseios e delírios de crescer, os momentos transitórios e permanentes, as emoções à flor da pele e transformações físicas e emocionais que podem assustar qualquer jovem. Assim, Stephany criou uma atmosfera onde as quatro meninas se aventuram pelo tempo, mas voltam para casa com outros desafios em mente, dessa vez, os mais reais e talvez, mais amedrontadores. Com essa construção, o roteiro da série se apresenta como algo sensível e capaz de criar identificação com diversas meninas por todo o mundo.