Qual o lugar do gênero na arte contemporânea?

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Exposição no New Museum, em Nova Iorque, propõe expressões mais fluidas das identidades. (Foto: A.Figueirôa/OG!).

Da Revista O Grito!, em Nova York

As questões de gênero, que tanta celeuma e histeria vem provocando nos grupos conservadores, é o condutor da exposição Trigger: Gender as a Tool and a Weapon (Gatilho: Gênero como Ferramenta e Arma) em cartaz atualmente no New Museum, em Nova York. O objetivo da exposição, diante do cenário mundial de retrocesso político e comportamental, é investigar o lugar do gênero na arte e na cultura contemporânea, agrupando artistas de gerações diferentes que exploram o tema, indo além do binarismo masculino e feminino e propondo expressões mais fluidas das identidades.

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O museu, localizado no Lower East Side, em Manhattan, desde sua criação, há 40 anos, tem organizado programas e eventos sobre as representações de gênero e temas ligados à sexualidade. Os 40 artistas da Trigger expõem obras em diferentes suportes – filme, pintura, instalações, performance, fotografia – em que as identidades de gênero são consideradas a partir da complexidade que o tema evoca, ou seja, observando como as negociações de poder ocorrem nesse contexto e nas suas interseções com as relações de raça, classe e sexo.

Percorrendo a exposição fica bem claro que enquanto alguns artistas abraçam deliberadamente o prazer e a exuberância como estratégia política, outros recusam uma representação aberta e se voltam para uma linguagem mais poética ou para a abstração, de modo a afirmar as ambiguidades e refletir sobre a mobilidade física dos personagens e sujeitos expostos. Em todos, porém, percebemos o compartilhamento do desejo de contestar a ordem repressora vigente e pensar sobre novas formas e modelos estéticos para elaborar e retrabalhar as configurações do presente e com isso vislumbrar um novo futuro.

Dessa forma, a cada imagem com a qual somos confrontados, emerge uma nova sensibilidade, e junto com ela o desafio de nos adaptarmos a essas outras configurações de gênero, moldadas pela nossa subjetividade, pelos nossos desejos, mas sobretudo pelo intenso encontro com as múltiplas identidades que nos são oferecidas. Trigger nos toca não só pelo que vemos, mas pelo que penetra em nossos corpos.

Veja imagens da exposição na galeria (fotos por Alexandre Figueirôa).