Resenha: Clap Your Hands Say Yeah segue à deriva no pouco inspirado The Tourist

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6.5

A primeira metade da década dos anos 2000 foi pródiga em revelar novos nomes do rock, em uma espécie de renovação que era alimentada pelo hype de publicações musicais. Basicamente pegando referências dos anos 1960/70 essa nova geração reprocessava elementos já conhecidos do gênero em uma roupagem mais cool. Não tinha nenhum revolucionário ali, esteticamente falando. Ainda que aquele período tenha rendido clássicos como o Turn On The Bright Lights, do Interpol e Is This It?, dos Strokes, a real é que o tal “new rock” legou um enorme contingente de bandas que hoje seguem à deriva em busca de relevância (olá Cold War Kids, Kasabian e outros amigues).

O Clap Your Hands Say Yeah, já naquele período, 2005 para ser mais exato, refutava o hype que recebia. Sua música não era uma releitura/revisionismo e seu chamariz era a voz esganiçada, com agudos e variações impressionantes de seu vocalista e líder Alec Ounsworth. O trabalho homônimo tinha muita influência do invencionice de David Byrne, mas era estranho por si mesmo. Após esse disco e toda a repercussão que ele trouxe, o Clap Your Hands Say Yeah foi tentando se metamorfosear, buscou outras referências até se diluir completamente, como visto nesse novo trabalho, The Tourist.

Ounsworth chega tão genérico aqui que nem de longe lembra as propostas ousadas de seu início. É como se o indie-rock que ajudou a renovar já soasse caduco. Terminar suas 10 faixas é exaustivo e até mesmo quando ele tenta explorar sua característica voz em “Ambulance Chaser”, soa tímido. “The Pilot”, a faixa de abertura, dá indício de que vem algo interessante, dado os arranjos sofisticados e um tom melancólico de baixo, mas seguem-se uma sequência de ideias já utilizadas em trabalhos anteriores e um tom monótono que perdura todo o disco. Pena que a jornada do Clap Your Hands Say Yeah tenha os levado até aqui, perdidos em uma época igualmente renovadora para a música pop, como era no início dos anos 2000.

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Editor