Resenha: Thundercat é puro espírito jazz no épico Drunk

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8.5

O baixista, produtor e cantor Stephen Bruner (mais conhecido como Thundercat) conseguiu o improvável com esse novo disco, Drunk, o melhor de sua carreira até aqui. Ele trouxe todas as complexidades do jazz e do soul, todas as nuances de uma música carregada de humanidade e transformou isso em um disco que é ao mesmo tempo virtuoso e acessível.

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Nada define mais o espírito jazz do que Drunk hoje na música pop. Em 23 faixas, o trabalho segue um ritmo excêntrico, multifacetado e regido por sentimentos trazidos pelas letras. Segundo Bruner afirmou no release do disco, as músicas foram inspiradas pelos períodos em que ele passou inebriado. Dono de um estilo meticuloso de produção, Thundercat cria antes os climas para depois basear sua música, por isso suas faixas tem um apelo de trilha sonora.

Sempre vestindo figurinos que parecem ter saído de um filme de ficção-científica dos anos 70, Bruner é uma entidade excêntrica hoje na música pop, com uma tendência ao kitsch e a nostalgia. Essa excentricidade se reflete em sua música carregada de misturas de estilos. Ele é parte de uma cena que cultiva o jazz como matéria-prima da inovação, entre eles o Flying Lotus (que fundou o selo Brainfeeder), Kamasi Washington e Kendrick Lamar. Thundercat, inclusive, fez parte do clássico de Lamar, To Pimp A Butterfly, de 2015.

Para este trabalho ele chamou grande parte dessa trupe para participações, além de Wiz Khalifa, Kenny Loggins, Pharrell Williams e Michael McDonald. O resultado é um disco com diversos bons momentos de funk, soul, rap e eletrônica. “Friend Zone” tem um delicioso groove misturado a uma base meio nervosa. Já “Walk On By” traz vocais de Lamar em uma faixa que lembra o cancioneiro romântico do soul setentista, mas com uma guitarra jazzística dando o tom para a voz delicada de Bruner. Em “Show You The Way” temos a presença de Kenny Loggins em toda a sua glória de ícone do “soft rock”.

É um disco com muitas surpresas que pede diversas audições. Com 23 faixas esse épico de Thundercat é desde já um dos trabalhos mais impressionantes do ótimo momento que vive hoje o R&B alternativo.

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