SAULT. Ninguém sabe praticamente nada dessa banda que surgiu nos últimos meses na internet e que vem chamando atenção por sua mistura inusitada de gêneros – do reggae ao alt-pop, passando pelos ritmos africanos. O disco de estreia, 5, surgiu no Soundcloud e no Spotify depois de que alguns rappers e blogs começaram a descobrir o grupo.
O que se sabe até agora é que a banda faz parte do Forever Living Originals, um selo que reúne artistas independentes mais experimentais. Se sabe nada além disso: quem são os produtores? De onde vêm o grupo? Trata-se de um coletivo internacional de músicos? Ou é tudo fruto da cabeça de um produtor? Morro de curiosidade em ver a ficha técnica desse álbum.
Se manter como um enigma talvez seja parte do charme do grupo – outros artistas, como Burial, também usam esse anonimato e distanciamento como parte de sua essência artística.
Mas o SAULT tem como diferencial o fato de soar estranho também musicalmente. Nada na sonoridade parece fazer sentido, mas, ao mesmo tempo, tudo soa coeso e refinado, como se fosse algo comum misturar psicodelia com funk e afrobeat. Desafiar gêneros musicais assim é algo bem mais difícil do que parece.
A pegada vintage também é outro fator de atração para essa música da qual sabemos tão pouco. O registro deles soa atemporal, mas também moderno, como provam faixas como a balada “Masterpiece”, meio Motown, a disco “Why Why Why Why Why” e a dançante “Up All Night”.
SAULT 5 [Forever Living Originals, 2019]