Tartamudo desliza pela música eletrônica climática em sua coleção de temas “Respiro”

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Duo de Brasília, formado por Wilton Rossi e Zepedro Gollo, apresentam disco baseado em uma sonoridade que varia entre criações ruidosas e distorcidas até melodias ambient sensoriais e imersivas: menos pista, mais chillout (Foto: Divulgação/Assessoria Bianco)

Um outro nome, menos usual, para aquele indivíduo a quem chamaríamos de gago. Tar- ta-mu-do. Um polissílabo assaz sonoro para definir aquele tipo de sujeito com certo impedimento na expressão oral, na dicção, na articulação de pa-la-vras. 

Wilton Rossi e Zepedro Gollo gaguejam de propósito. Na linguagem musical proposta por este duo instrumental, o tropeçar num mesmo som é a própria experiência estética em que se lançam e apresentam “Respiro”. A coleção de temas, disponíveis em todos os aplicativos de música, é guiada por paisagens criadas pela manipulação de guitarras e teclados que, muitas vezes, substituem totalmente os sons em que se baseiam originalmente, levando calma para quem se permite ouvir consigo próprio. Talvez, com fones de ouvido, dentro de um quarto, deitado no sofá ou na cama. Vivendo o poder da reflexão e introspecção.

Enquanto o primeiro EP do projeto, “Apneia”, era marcado por uma sonoridade mais agressiva, esse dá menos ênfase ao peso e aborda ritmos mais lentos. É menos pista, mais chillout. “A verdade é que nós fazemos rock como se fôssemos artistas de música eletrônica, fazemos música eletrônica como se fôssemos artistas de uma banda de rock”.

Faixa a faixa, registro surge do diálogo que vem sendo construído, há alguns anos, em ensaios semanais na pontinha da Asa Sul, quadra 714, Plano Piloto, Brasília, Distrito Federal.

Sim. Tartamudo é um duo de instrumentistas envolvidos em diversas outras expressões artísticas. “Somos influenciados e dialogamos com artes plásticas e visuais, cinema, dança, arquitetura, performance, teatro, quadrinhos e até literatura. Há de fato algo no som que nos faz tocar confortavelmente em galerias de arte, festivais ou rua. Há uma comunicação puramente musical, sem palavras, com movimento, tempo e espaço. Muito papo furado pra uma banda que não diz nada. Mas nossa voz conversa além do texto, fala num outro plano. Ou tenta. Seremos ouvidos?”