Tetine usa o seu tropical-punk contra o fascismo global em novo álbum

Tetine por Pedro Ferraro 1
Foto: Pedro Ferraro.
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Formado pela dupla de artistas Bruno Verner e Eliete Mojorado e desde 2000 baseados em Londres, o Tetine é um dos casos mais emblemáticos da música eletrônica brasileira. Só pela carreira longeva eles já poderiam ser considerados um caso de sucesso, mas o grupo foi além e seguiu experimentando em diversas vertentes do gênero e ampliando a sua estética pos-punk.

Animal Numeral, o novo trabalho, reforça esse imaginário meio distópico e chega muito inspirado pelas tensões do mundo, colocando uma poética própria para falar de insegurança, descrença e crescimento do fascismo global.

O álbum mostra um Tetine ainda mais político, como se pode perceber no samba-gótico da faixa-título, em que falam: “um animal hormonal, um boneco artificial, ou um arquivo espiritual? De carne e osso até o pescoço? Com o dente exposto? Respirando o elo imperial. Um animal hormonal à serviço do gozo”. Já em “This Is The Voice” eles berram contra os supremacistas brancos. O duo sempre teve essa verve debochada e despojada, mas agora toda a audição parece assumir um sentimento de urgência.

Cantando quase sempre em português e reforçando seu estilo tropical-punk com uso de sonoridades brasileiras bem marcado, o Tetine segue fazendo um eletrônico original em quase 20 anos de carreira.

TETINE
Animal Numeral
[Slum Dunk Music, 2019]

Tetine Animal Numeral capa

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